Deputados que integram a CPI da Petrobras cobraram durante a sessão desta terça-feira (30) do colegiado o agendamento do depoimento do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, que teve a delação premiada homologada na semana passada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os parlamentares também querem ter acesso ao conteúdo integral dos depoimentos do delator da Lava Jato.
Reportagem publicada na edição deste fim de semana da revista "Veja" relaciona os nomes de 18 políticos supostamente citados pelo dono da construtora UTC como beneficiados com dinheiro oriundo do esquema de corrupção na Petrobras.
O acordo de Pessoa foi homologado na última quarta-feira (24) pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo.
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), informou aos colegas do colegiado que os advogados de Ricardo Pessoa enviaram nesta segunda-feira (29) um ofício à comissão alegando que o empreiteiro não poderia falar aos parlamentares enquanto estiver em vigor o sigilo de sua delação premiada.
Motta disse ter questionado ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as investigações da Operação Lava Jato na primeira instância, ao ministro Teori Zavascki, relator do caso no STF, e ao Ministério Público Federal se procedem as alegações da defesa do dono da UTC ou se não é necessário aguardar a quebra do sigilo da sua delação para ouvi-lo na comissão.
“Assim o fizemos e estamos tardando [para marcar a data do depoimento] para que ele [Pessoa] possa vir com a delação homologada para não ter o direito de optar pelo silêncio”, disse Motta.
“A audiência com Pessoa tem que ser marcada para esclarecer os fatos”, defendeu o deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos políticos mencionados pelo dono da UTC como beneficiário de uma doação oriunda de propina. Delgado criticou as insinuações de que ele teria envolvimento no esquema de corrupção que atuava na Petrobras e acusou o empreiteiro de querer criar “uma nuvem nebulosa” sobre todos para proteger alguns.
Parte dos integrantes da CPI questionou ainda o que classificaram de “vazamento seletivo” do depoimento de Ricardo Pessoa.
“Não é possível termos que ir à banca de jornal saber as informações que a CPI deveria ter acesso. Há uma fuga de informação, um verdadeiro ralo”, reclarmou Celso Pansera (PMDB-RJ).
Em meio à sessão desta terça, Júlio Delgado reiterou que é um dos autores do requerimento de convocação do empresário da UTC. Segundo o deputado do PSB, ele permanecerá na comissão até ser realizado o depoimento de Pessoa. Após a oitiva, o parlamentar afirmou que pedirá dispensa para para fazer sua defesa.
“Quero saber por que meu nome foi incluído mesmo não tendo recebido [propina] e essa tentativa de deixar o ambiente turvo”, declarou Delgado.
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