A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou em seu discurso no plenário do Senado que a ameaça mais assustadora no seu processo de impeachment é a possibilidade de congelar por "inacreditáveis 20 anos" todas as despesas com saúde, educação, saneamento e habitação, em uma crítica indireta a uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) defendida pelo governo Temer.
A chamada PEC do Teto de Gastos propõe a fixação de um limite para as despesas públicas, incluindo educação e saúde. Pela proposta elaborada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, os gastos públicos só poderão aumentar o equivalente à inflação do ano anterior.
“É impedir que, por 20 anos, mais crianças e jovens tenham acesso às escolas; que, por 20 anos, as pessoas possam ter melhor atendimento à saúde; que, por 20 anos, as famílias possam sonham com casa própria”, disse a presidente afastada.
Além do discurso, Dilma usou parte do tempo que teve para responder os senadores para criticar a política econômica adotada pelo governo Michel Temer.
A PEC também foi alvo de críticas do peemedebista Roberto Requião. Ao questionar Dilma, Requião afirmou que o governo alternativo ao da presidente afastada Dilma Rousseff é o caminho de reversão de direitos. “Congelar despesas da União por 20 anos. Não vai poder nascer, não se pode mais estudar, não se pode melhorar ensino e não se pode melhorar saúde”, afirmou.
Meta superestimada
Dilma também criticou a meta de deficit de R$ 170 bilhões que o governo do presidente Michel Temer prevê para 2016. Segundo a presidente afastada, essa meta é uma atitude de afrouxar gastos, o que faz explodir a dívida e a meta de deficit. “Esse incentivo à meta superestimada é péssimo para a recuperação da economia.Não contribui. Você tem que fazer duas coisas diante da crise: você tem que se esforçar para ter um orçamento e uma meta fiscal compatível e ter que saber onde gastar. O liberou geral leva a gastos absolutamente insustentáveis”, afirmou.
Ao responder questionamentos de que escondeu os dados sobre a crise econômica durante sua campanha eleitoral de 2014, Dilma afirmou que o governo “não tem bola de cristal” e que o panorama econômico se deteriorou no final de 2014, depois das eleições, com a crise hídrica que elevou o preço da energia e com a queda nos preços das commodities.
Por duas vezes, Dilma citou o economista prêmio Nobel Joseph Stiglitz, que segundo ela afirmou que “a crise econômica no Brasil estava precificada, o que não estava precificado era a crise política”. Para a presidente, foi a crise política, causada por seus opositores, que agravaram o cenário econômico brasileiro.
Meta de 2016
Assim que assumiu, a equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles anunciou como meta um deficit R$ 170,5 bilhões para este ano.
Diante do deficit previsto para este ano, o governo recebeu criticas aos reajustes autorizados aos servidores públicos. Essas criticas levaram o governo colocar as propostas de reajustes aprovadas na Câmara e que tramitam no Senado em "banho-maria".