Mato Grosso, 26 de Abril de 2024
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'Dói', diz mulher que desistiu de casar com namorada após polêmica no RS

14.09.2014
10:14
FONTE: G1

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O casamento coletivo realizado na tarde de sábado (13) no Fórum de  Santana do Livramento tinha inicialmente a inscrição de dois casais homoafetivos formados por mulheres. Entretanto, com a polêmica criada em torno do assunto, um dos pares acabou desistindo no fim de agosto de participar da cerimônia que ocorreria em um Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Sentinelas do Planalto, atingido na quinta-feira (11) por um incêndio criminoso.

Do lado de fora do Fórum onde 28 casais oficializaram a união, Rita Bolson acompanhou a movimentação para o evento e chorou emocionada por não ter realizado o sonho de casar com a companheira neste final de semana. Ela conta que precisar desistir causou sofrimento.

"Dói, dói mesmo estar nessa situação. A gente tem assumir o que é, mas é preciso respeito em primeiro lugar. As pessoas em Livramento têm que dar mais apoio", disse ao G1, pedindo para que seu rosto não fosse mostrado.

As noivas decidiram não participar devido à repercussão do caso, considerada negativa por elas, já que a celebração ocorreria em um CTG. No dia 28 de agosto, declararam a um jornal local que não queriam ser expostas na mídia e preferiam trocar alianças em um evento menos polêmico, já que só queriam "casar em paz".

Para Rita, portanto, o sonho do casamento se mantém. "Desta vez não deu, mas no ano que vem nós vamos enfrentar tudo o que vier. Meu sonho era ter vindo em uma carruagem com minha companheira", contou emocionada.

Com a repercussão nacional, o evento contou com as presenças de autoridades como ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Ideli Salvatti, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, José Aquino Flôres de Camargo, e a secretária de Justiça e Direitos Humanos do governo estadual, Juçara Dutra Vieira. Na ocasião, o único casal gay a participar teve a maior parte das atenções.

Solange Ramires, 26 anos, e Sabriny Benites, 24, disseram o aguardado "sim" e trocaram alianças e beijos. O casal entrou por último no salão do júri e foi aplaudido de pé pelos presentes. 

Embora longe do CTG, a celebração teve características gauchescas. Alguns noivos vestiam bombachas, lenços vermelhos e camisas brancas. Outras mulheres usavam vestidos de prenda, entre elas a magistrada, responsável pela realização do casamento.

"É para reforçar o combate à homofobia no tradicionalismo. Foi um sacrifício. Será um grande evento diante de casais que não se acovardaram. Não vamos nos calar. Os direitos das minorias estão garantidos", disse ao G1, pouco antes da celebração.

O ambiente foi decorado com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul e do movimento LGBT. O salão do júri foi a segunda opção da magistrada, que propôs inicialmente que o matrimônio coletivo fosse realizado no CTG Sentinelas do Planalto na cidade. O galpão, porém, foi alvo de um incêndio criminoso na madrugada de quinta (11). Apesar do mutirão proposto para reconstruir o espaço, não houve condições e nem tempo suficiente para concluir os trabalhos.

"Por que essa cerimônia causa tanto incômodo ao tradicionalismo?", questionou a juíza Carine Labres em seu discurso, logo no início da celebração. "Qual a razão de tanta intolerância?", indagou.

Para polícia, incêndio em galpão foi criminoso
O incêndio ocorreu na madrugada de quinta-feira. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o fogo começou por volta de 0h30, e as chamas foram controladas cerca de três horas depois. Ninguém ficou ferido, mas o fogo atingiu a parte interna da estrutura, justamente o palco, onde acontecerá o evento.

A Polícia Civil diz que o incêndio foi criminoso. Um garrafa com resquícios de gasolina foi encontrada no galpão do CTG, que, segundo a polícia, pode ser um coquetel molotov, artefato incendiário de fabricação caseira. Testemunhas relataram que viram quatro pessoas próximas ao CTG antes do início das chamas, mas a polícia diz que, por enquanto, não há suspeitos de autoria do incêndio.

Logo após o incêndio, um mutirão se formou para reconstruir a estrutura danificada do galpão a tempo do casamento coletivo. Segundo o patrão do CTG, Gilbert Gisler, o Xepa, a instituição recebeu mais de 40 doações de material de construção, de pessoas físicas e jurídicas. A comunidade de Santana do Livramento também doou a mão de obra para a reconstrução do local.

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