Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
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Em estado vegetativo, rapaz aguarda julgamento de ato médico há 9 anos

22.09.2014
11:15
FONTE: G1

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  • Mãe cuida de Rafael e ainda trabalha como assistente administrativa
Rafael Guerreiro viveu até os 11 anos de idade como a maioria dos garotos que conhecia. Em 2001, uma brincadeira de criança mudou a vida do menino para sempre. Ao subir com um amigo em uma casa em construção, caiu de um muro e sofreu uma fratura no brônquio. A lesão, considerada rara no meio médico, marcou o início de uma verdadeira via-crúcis. Após exames em dois hospitais de Piracicaba (SP) e uma cirurgia em Campinas (SP), o adolescente ficou com sequelas neurológicas. Desde então, vive em estado vegetativo dentro de um quarto em casa, com sistema home care (assistência domiciliar) 24 horas por dia.

A família acredita em erro médico e, em 2005, moveu ação contra os dois hospitais e um médico. O caso corre na Justiça de Piracicaba e a mãe de Rafael, Ana Paula Everaldo, reclama que até esta segunda-feira (22) nenhuma audiência foi agendada. “Já são nove anos de espera e temos direito a uma resposta, mesmo que negativa. O estado de saúde do meu filho está se agravando e precisamos que a justiça seja feita enquanto ele está vivo”, disse.

O Judiciário, por meio da assessoria de imprensa, alegou que a última movimentação no processo ocorreu nesta quinta-feira (18), com uma citação para que as partes se manifestem acerca de uma perícia médica.

Preocupação

Rafael vai completar 23 anos no próximo mês. Vive acamado desde o dia em que foi operado. Não fala e só se alimenta por meio de uma sonda.

Graças ao plano de saúde da mãe, que é assistente administrativa, conta com fisioterapeuta e um enfermeiro em meio período. Em dezembro passado, a família precisou colocar um cilindro de oxigênio ao lado da cama, para uma eventual emergência.

“Ele passou a ter taquicardia e soluços constantes. O quadro dele é irreversível e o médico disse que ele piorou por causa do longo tempo que está acamado”, comentou a mãe, que nos últimos anos se agarrou à fé para driblar uma depressão. Recentemente, ela conseguiu a interdição do filho na Justiça. Os remédios necessários para o tratamento são fornecidos na rede pública de saúde.

Depressão

O pai Paulo José de Almeida já teve uma empresa própria e a fechou para poder ficar mais tempo com o filho. Também já enfrentou uma depressão e teve que vender um terreno para custear as despesas de casa. Atualmente, vive dos "bicos" que faz como motorista. Ele diz que abdicou de tudo por Rafael, mas não suporta mais a falta de respostas do Judiciário. “Desde 2005, já realizaram duas perícias no Rafael, mas audiência que é bom nada. Queremos saber o que realmente aconteceu com ele”, reclamou.

Acidente

A queda de Rafael aconteceu em 2001, em uma obra na Vila Independência. A família o levou para um hospital de Piracicaba, onde o menino fez um raio-X. Rafael foi levado então para outro hospital da cidade, onde ficou em observação por 24 horas.

“Deram alta a ele sem ao menos fazer uma tomografia. Um dia depois, ele sentiu dor, mas o médico disse que isso seria normal por 30 dias. No dia seguinte, porém, desmaiou e voltou para o hospital, onde viram a necessidade de uma punção urgente no pulmão. Nessa altura, já estava com lesões graves. Mais tarde, descobri que isso já estava visível no raio-X, mas ninguém detectou”, comentou a mãe.

Entre a queda do muro e a cirurgia em Campinas, passaram-se 15 dias. “Ele foi submetido a uma broncoplastia [operação que preenche as soluções de continuidade na traqueia com uma porção da pele] em Campinas porque não havia UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) em Piracicaba. Meu filho foi lúcido para a sala de cirurgia e me disse: ‘mãe, fica com Deus’”, relembrou, com lagrimas nos olhos.

“O que está acontecendo é uma tremenda injustiça. Aqui em Piracicaba houve um caso de  maus-tratos contra um cachorro (rotweiller Lobo), em que o dono foi julgado e condenado em um ano. Meu irmão está esperando uma resposta há 9 anos”, disse, revoltada, a irmã de Rafael, Ana Clara Erevaldo de Almeida, de 14 anos.

Resposta do Judiciário

Por meio de assessoria de imprensa, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) enviou ao G1 apenas um relatório técnico do processo sobre o caso de Rafael Guerreiro.

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