Mato Grosso, 24 de Abril de 2024
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Em evento do BTG no Rio, CEO interino fala em 'business as usual'

26.11.2015
09:41
FONTE: G1

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Marcado para esta quarta-feira (25), o seminário Perspectivas Econômicas 2016 do banco BTG Pactual, num hotel em Copacabana, Zona Sul do Rio, foi mantido mesmo com a prisão do CEO André Esteves, dentro das investigações da Operação Lava Jato. Ele falaria na abertura do evento, ao qual compareceram cerca de 400 clientes e investidores, de acordo com os organziadores, e foi substituído por Pérsio Arida, sócio do banco, nomeado CEO interino.

Participaram ainda Eduardo Loyo, sócio e chefe do Banco BTG Pactual, e Guillermo Ortiz, futuro sócio e chairman das operações do BTG Pactual no México. O evento foi fechado e os executivos não deram declarações públicas.

Na saída do seminário, porém, clientes e investidores, que não quiseram se identificar, disseram ao G1 que o encontro ocorreu em clima de total tranquilidade e os efeitos da Lava Jato foram citados por Arida de forma breve.

Um cliente do banco disse, que na introdução, que segundo ele durou apenas três minutos, Arida avisou que fora nomeado CEO interino, e que acreditava que a condição não seria por muito tempo.

“Ele disse: 'Lamento, espero que seja rapidamente resolvido. Business as usual’”, contou o cliente citando as palavras do executivo. A expresão, em inglês, numa tradução livre significa "os negócios continuam como sempre".

O cliente relatou os pontos que achou interessante da apresentação dos executivos.

“Eles fizeram uma comparação interessante das economias abertas com economias fechadas como a do Brasil, como isso dificulta o crescimento do país. Eles falaram do aumento dos juros nos Estados Unidos e da desaceleração na China, como isso afeta o Brasil, e o que o Brasil pode fazer”.

Segundo o cliente os executivos falaram que “O Brasil pode fazer o ajuste fiscal”, mas citaram “como foi lamentável o efeito fiscal, fraco e demorado, a desinflação que não está acontecendo e o ajuste externo, que é o ajuste de tarifa, trabalhar no câmbio, que não está acontecendo também. A percepção é que o ajuste externo não vai acontecer”, relatou.

Perguntado sobre se vai deixar o dinheiro no banco, o cliente disse que sim, mas fez ressalvas:

“Vou deixar dinheiro lá. Vou dizer o que eu fiz hoje (quarta): o que é 'risco banco' eu tirei, tipo CDB, por exemplo. Sou muito conservador. Vai ser interessante ver amanhã (quinta) no Banco Central se tem algum número de saída, de saques”, declarou.

Ele disse ainda que o que aconteceu nesta terça, com a prisão de André Esteves, foi “uma coisa que é lamentável”.

“É que o BTG é um banco moderno, global, que tem 60% dos seus ativos fora do Brasil”, disse.
Outro ponto do seminário que o cliente ressaltou foi:

“Uma coisa importante que falaram é que o banco não é feito de uma pessoa. Banco é feito de parcerias, partnerships. ‘Business as usual’, uma expressão que ele usou (Arida) é uma expressão de mercado. Você não pode deixar o mercado te afetar por qualquer solucinho, se você estressar em qualquer crise não sai de lugar nenhum”, disse o cliente.

Outro participante do seminário, que também preferiu o anonimato, disse que Pérsio Arida afirmou que “faz bem para o Brasil isso tudo que está acontecendo”.

De acordo com o executivo, que não é cliente do banco, mas assistiu à palestra a pedido da empresa onde trabalha, “Arida disse que confia nas instituições”.

“Ele disse que são muitos sócios, que o banco é seguro e firme, e nem entrou na situação de solvência. Falou que amanhã, eles anunciaram, vão comprar ações. Comparou a economia brasileira com economias latinas que dão certo como Chile e México. Mas não falou nada de espetaculoso”, disse o homem.

Com um bilhete de uma aposta da Mega-Sena no bolso, perguntado se colocaria o dinheiro no BGT Pactual caso ganhasse a loteria, ele disse:

“Acho que sim”.

Com a prisão de André Esteves, o economista Pérsio Arida assumiu de forma interina o comando do Banco BTG Pactual e do BTG Pactual Participations, informou o banco nesta quarta-feira em comunicado enviado ao mercado. Pérsio Arida foi um dos idealizadores do Plano Real, presidente do Banco Central e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na década de 1990.

Dono do BTG Pactual, André Esteves foi preso na manhã desta quarta-feira (24) na casa da família no Rio e levado para a superintendência da Polícia Federal. Ele é suspeito de planejar obstruir as investigações da Operação Lava Jato, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O banqueiro já foi o 13º mais rico do país.

Além dele, também foram presos nesta quarta o senador Delcídio Amaral (PT-MS) e o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira.

Segundo a PGR, o senador prometeu pagar R$ 50 mil mensais para a família de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, para evitar que ele fizesse delação premiada e que revelasse a suposta participação do senador no esquema de corrupção investigado na estatal.

André Esteves é suspeito de prometer financiar o acordo. Os R$ 50 mil mensais, conforme a PGR, seriam repassados aos familiares de Cerveró mediante um "acordo dissimulado" entre o banqueiro e o advogado Édson Ribeiro, que defendia o ex-diretor da Petrobras.

Recompra

Além da troca de comando, o BTG Pactual informou também que seu Conselho de Administração aprovou um programa de recompra de units para uma "aplicação eficiente dos recursos".

A decisão foi anunciada depois da queda de cerca de 30% no preço dos papéis da companhia na BM&FBovespa. A companhia vai usar recursos do caixa para recomprar até 23 milhões de units.

Além disso, o grupo vai pleitear aval regulatório para poder comprar um volume de units superior ao limite previsto de 10%. O prazo da operação é de até 18 meses.

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