É considerado gravíssimo o estado de saúde do instrutor de capoeira agredido por mais de dez homens na madrugada do último sábado (29) em Itaperuna, no Noroeste Fluminense. Marcos Hiroyuki Iwata, 34 anos, tem traumatismo craniano e está em coma respirando com a ajuda de aparelhos no Hospital São José do Avaí. Após a agressão, ao ser socorrido para a UPA, o instrutor chegou a sorrir para uma foto e avisou que estava bem. Porém, instantes depois o quadro dele começou a piorar. Na manhã desta sexta-feira (5), o capoeirista é mantido sedado, mas está em coma 'natural'.
A reportagem do G1 conversou com o médico neurointensivista Dr. Márcio Pereira Júnior, um dos responsáveis pelo acompanhamento de Marcos Hiroyuki na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Segundo ele, a agressão sofrida pelo capoeirista lacerou a artéria carótida, a principal que 'nutre' o lado esquerdo do cérebro. O capoeirista está internado há sete dias.
“O lado esquerdo do cérebro dele está praticamente inutilizado. A parte afetada é responsável pelos movimentos do lado direito do corpo e é muito importante para o desenvolvimento mental também. Se ele sobreviver, as chances de sequelas são muito grandes, mas neste primeiro momento pensamos em salvar a vida dele. O risco de morte ainda é grande, tivemos que tirar parte da calota craniana dele e estamos focados em diminuir a pressão no crânio, que oscila bastante”, comentou o médico do Hospital São José.
Sobre o capoeirista ter sido socorrido consciente e ter uma piora no estado de saúde algumas horas depois, o médico informou que neste caso, a situação é considerada comum.
“É normal ele estar consciente em um primeiro momento e perder a consciência aos poucos. A cicatrização desta lesão é delicada porque a artéria pode trombosar e ocluir horas depois. Após ser atendido na UPA, ele chegou no hospital já sem falar a com o lado direito paralisado”, informou o neurointensivista.
Relembre o caso
Marcos Hiroyuki foi agredido por um grupo de homens após tentar ajudar o irmão, que estava desmaiado, na saída de uma boate em Itaperuna, no Noroeste do Rio de Janeiro. Segundo Leandro Hideaki Iwata, irmão da vítima, houve um princípio de confusão na entrada da boate, e eles foram cercados novamente na saída.
“Um homem tentou brigar comigo quando estávamos entrando na boate, mas meu irmão separou. Quando estávamos saindo, este homem me agrediu por trás e eu logo desmaiei. Depois disso, meu irmão veio me acudir e uns 10 homens foram 'pra' cima dele, enquanto eu estava desmaiado mais a frente”, contou Leandro.
Ainda segundo o irmão, mesmo caído no chão, a vítima continuou apanhando e um homem armado evitou que outros ajudassem. “Deram uma voadora nele e ele caiu em uma escada. Continuaram com os chutes enquanto ele estava caído no chão. Algumas pessoas tentaram ajudar, mas tinha um homem armado no grupo que não deixava ninguém se aproximar. Eles ficaram muito tempo batendo no meu irmão e só pararam quando cansaram. Isso foi o que me contaram no local, porque eu estava desmaiado”, lembrou.
Após os agressores saírem do local, os dois irmãos conseguiram se levantar e foram ajudados por outras pessoas que chamaram o socorro médico. Hiroyuki foi socorrido consciente e ainda posou sorrindo para uma foto. “Ele me disse que estava bem e que era pra eu tranquilizar a nossa mãe”, afirmou Leonardo, que também está ferido.
Trabalho voluntário
O instrutor de capoeira faz trabalho voluntário há mais de 10 anos e atualmente tem cerca de 40 crianças como alunos em Porciúncula, uma pequena cidade ao lado de Itaperuna. O irmão de Hiroyuki o define como uma pessoa sempre feliz e um exemplo para os alunos. “No dia da agressão eu estava meio triste e ele ficou o tempo todo brincando comigo para me animar. Estava sempre feliz”, contou Leonardo.
Pedido de paz e investigações
Moradores da pequena cidade de Porciúncula, que tem cerca de 17 mil habitantes, estão preparando uma manifestação por um pedido de paz e justiça. O ato está marcado para acontecer na Praça Santo Antônio, no Centro da cidade, no próximo sábado (6), às 10h.
Em nota, a assessoria da Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento na 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna. Imagens das câmeras estão sendo analisadas e a delegacia aguarda a liberação médica da vítima para que ela possa prestar depoimento. Funcionários da boate estão sendo chamados para depor na unidade.
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