Mato Grosso, 29 de Março de 2024
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Força-tarefa não concluiu nenhum inquérito sobre morte de mulheres

04.09.2014
15:42
FONTE: G1

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  • Seis das 15 mulheres assassinadas de forma semelhante em Goiânia
Nenhum inquérito foi concluído um mês após o início dos trabalhos de uma força-tarefa da Polícia Civil de Goiás que apura 15 homicídios de mulheres ocorridos de forma semelhante em Goiânia. Segundo a Polícia Civil, o delegado que coordena os trabalhos da equipe, Deusny Aparecido, não vai se pronunciar sobre o andamento das investigações. Embora não descartem a hipótese de haver um "serial killer" na cidade, os investigadores também apuram se o crime foi cometido por mais de um assassino.

Até esta quinta-feira (4), apenas um suspeito está preso. Outro homem que havia sido detido durante as investigações, o entregador Leandro Cardoso de Oliveira, foi solto na quarta-feira (3), pois a Justiça entendeu que faltam provas consistentes para mantê-lo no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.

Participam do grupo de investigação 16 delegados, sendo os nove da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), três que atuam em outras delegacias e mais três do interior do estado. Além deles, 30 agentes e dez escrivães também integram a equipe.

A instauração da força-tarefa foi determinada pelo governador Marconi Perillo (PSDB), em 3 de agosto, um dia após o assassinato de Ana Lídia Gomes, 14 anos, em um ponto de ônibus no Setor Conjunto Morada Nova, aumentar a desconfiança da população de que um assassino em série está agindo em Goiânia. Entretanto, os trabalhos da equipe só tiveram início no dia 4 do mesmo mês.

Segundo a polícia informou no início das investigações, os crimes tiveram dinâmica semelhante. Porém, as motocicletas usadas são de marcas e cilindradas diferentes, além das descrições físicas dos suspeitos não serem as mesmas.

‘Mãos atadas’

Segundo a doméstica Rossilda Gualberto da Silva, 36, irmã de uma das vítimas, Rosirene Gualberto da Silva, 29, a polícia ainda não apresentou nenhuma novidade sobre o caso. “A gente se sente de mãos atadas. Nós pedimos justiça, mas quem tem que fazer são eles, nós não podemos investigar por conta própria”, disse ao G1.

Rossilda acompanhava Rosirene no momento do crime, em 9 de julho, no Setor dos Funcionários. Ela e a irmã seguiam em um VW Gol, quando foram abordadas por um homem armado que se aproximou e deu voz de assalto.

Segundo a Polícia Militar, o suspeito exigiu que as vítimas entregassem as chaves do carro. Enquanto ela procurava, o criminoso efetuou vários disparos que atingiram as duas e fugiu, sem roubar nenhum pertence delas. A irmã sofreu um ferimento no braço, causado pelo mesmo tiro que matou Rosirene, mas sobreviveu.

Na terça-feira (2), ela recebeu a visita de uma investigadora da Polícia Civil que, segundo Rossilda, afirmou que os policiais ainda não possuem nenhuma pista do autor do crime. Além disso, ainda de acordo com a irmã, a investigação teve que ser transferida a um novo agente depois que o policial responsável pelo caso de Rosirene se acidentou.

Medo e indignação

Outra sobrevivente, uma jovem de 18 anos vítima de uma tentativa de homicídio no Setor Jardim América, também reclama da falta de novidades no inquérito. “Nunca mais entraram em contato, não deram nenhuma informação sobre a investigação”, revela a jovem, que não quis ser identificada.

Além da falta de informações, a notícia da soltura do suspeito da tentativa de homicídio, Leandro de Oliveira, na quarta-feira, deixou a vítima “indignada”. “Estou horrorizada. Quando soube que ele seria solto eu chorei e estou com muito medo dele saber onde estou e vir atrás de mim. Vou sair de Goiânia o quanto antes”, afirmou a jovem.

Tanto ela, quanto Rossilda, afirmam que o medo é uma constante em suas vidas. “Não passa. Principalmente porque eu sobrevivi e ele ainda pode vir atrás de mim”, diz a irmã de Rosirene.

Demora

O advogado Uigvan Pereira Duarte Filho, 35, irmão de Ana Maria Victor Duarte, assassinada em março deste ano na porta de uma lanchonete, afirma que a demora na elucidação do caso não fez a família perder as esperanças. “Nós não temos dúvidas de que vai ser resolvido. A gente fica em uma angústia, esperando para ver se resolve com mais celeridade, mas entendemos que o trabalho da polícia é complicado”, diz.

Na tentativa de acelerar a investigação, a família chegou a oferecer uma recompensa de R$ 10 mil por informações sobre o crime. “Para essa recompensa que nós vamos pagar, a denúncia deve ser feita através do Disque Denúncia e, até agora, a polícia não nos informou se chegou alguma pista”, explica.

Série de assassinatos

O primeiro crime da série de assassinatos contra mulheres em Goiânia ocorreu em 18 de janeiro, quando Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, foi executada por homens em uma motocicleta, no Setor Lorena Park, na capital. Na época, a polícia informou que eles roubaram o celular da vítima e fugiram.

A vítima mais recente foi Ana Lídia Gomes, 14 anos, em um ponto de ônibus no Setor Conjunto Morada Nova, no dia 2 de agosto. Por causa das semelhanças dos crimes, o assassinato de Ana Lídia aumentou a desconfiança da população de que um assassino em série está agindo em Goiânia.

Desde maio, quando surgiu a possibilidade de que exista um "serial killer" na capital, após uma mensagem de voz compartilhada pelo aplicativo de celular Whatsapp, a Polícia Civil tratava o caso como um boato. No dia 3 de agosto, a corporação voltou a afirmar que não crê na possibilidade de que um assassino em série esteja agindo em Goiânia, mas admitiu, pela primeira vez, que não descarta a hipótese.

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