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Garantir atendimento especializado de Saúde no interior é desafio no ES

29.08.2014
10:56
FONTE: G1

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  • Isabela aguardava em hospital de São Mateus a transferência
Além de atenderem aos anseios da população no combate à violência e de desenvolvimento econômico, o próximo governante do Espírito Santo tem como principal desafio garantir que a saúde pública do estado seja feita com qualidade na região Metropolitana de Vitória e no interior. Segundo o Plano de Desenvolvimento, um dos objetivos a serem alcançados até 2020 é garantir o atendimento dos serviços especializados de saúde de forma regionalizada. Nesse sentido, a 'Caravana do ESTV' visitou os municípios de Montanha e Pedro Canário, na região Norte do estado, para mostrar os principais problemas enfrentados na saúde local.

A 'Caravana do ESTV' seguiu para o Norte do Espírito Santo, com destino a Pedro Canário. Ainda na BR-101, um casal pedia carona no meio da estrada. Euclides e Fátima estavam em busca de ajuda para voltar para a casa, pois moram na Bahia e vieram para o estado em busca de atendimento médico. "Se a gente fosse esperar pela saúde pública de lá (Bahia), a gente não conseguiria resolver. Ele (Euclides) estava precisando de cardiologista", explicou Fátima.

Euclides foi atendido em um hospital público de São Mateus. Ele contou que foram cinco caronas para chegar ao hospital e precisou voltar para a casa. "O que a gente tem ou é para comer ou pagar a passagem. E a passagem de lá para cá não é baratinha. É caro. Vai sair em torno de R$70 em uma ida e volta. E a alimentação?", questionou.

Apesar do casal ter conseguido um atendimento no estado, a situação não se repete em muitas cidades.

 Em Pedro Canário, onde há um hospital público, uma moradora contou que não é simples ser atendido.

 "É péssimo. O atendimento é péssimo porque a gente chega com uma pessoa morrendo e fica dentro de uma sala para atender. Passa mais de meia hora, com um hipertenso, cardíaco e ninguém quer atender. É a verdade mesmo. E eles mandam ir para São Mateus", disse a dona de casa Maria Carmo da Silva.

No mesmo município, a história da comerciante Rosânia Brito chama a atenção pelo descaso.

 Atualmente Rosânia mora na casa da irmã, por que não consegue ir para a própria casa após a morte da filha. "Lá em casa tem muita coisa dela. A Isabella era uma menina que tinha tudo. Eu cheguei em casa e vi muita coisa que ela brincava e não posso voltar pra casa", disse.

Isabella tinha um ano quando morreu de pneumonia. A menina deu entrada no Hospital Estadual Roberto Silvares, em São Mateus, e precisou de uma vaga na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). "Eu achava que ela não ia ficar internada, eu achava que ela ia consultar e ir para a casa. Ela esperou quarta, quinta, sexta, sábado e domingo. E no domingo conseguimos uma vaga em Cachoeiro de Itapemirim. Eu e minha irmã perguntamos onde estava a ambulância e ela não chegou", contou a mãe.

Durante a noite, a criança piorou e foi solicitado um helicoptero para que fosse levada. "O médico falou 'você vai ter que arrumar um helicóptero'. Eu falei 'como assim, doutor? Me pede um carro, porque lá em casa todo mundo tem carro, mas um helicoptero é impossível. Como vou achar um?'", lembrou Rosânia.
A família pediu ajuda de amigos e políticos para conseguir o helicoptero da Polícia Militar, que levou Isabella de São Mateus para Cachoeiro de Itapemirim. "Onze horas da noite ela faleceu. Eu acho que se tivesse uma vaga antes para minha filha, ela teria sobrevivido", finalizou a mãe. A Secretaria Estadual de Saúde informou que está fazendo uma auditoria para avaliar o caso.

Programa Saúde Familiar

Entre as metas da saúde no Espírito Santo para 2020, está a ampliação para 70% da população do Programa Saúde da Família (PSF). O objetivo é implantar serviços regionais de saúde para casos mais graves. "A estratégia da saúde da família é fundamental. Existem estudos que se conseguirmos uma cobertura de 90%, 100%, a gente diminui 80% dos problemas de saúde de toda população. O SUS não é só para pobre. O desafio dele é ser único para a sociedade", explicou o professor de Mestrado da Universidade Federal do Espírito Santo, Adauto Emmerich.

No programa, uma equipe com médico e enfermeira assiste toda a família e vai à casa das pessoas. A técnica em Enfermagem Mariana Mascarenhas explicou que as visitas servem como prevenção. "O PSF faz preventivo, pré-natal, curativo, vacinas, diminui a possibilidade do paciente de ir para o hospital. Diminui o risco de complicações", disse.

Mas de acordo com o médico do programa, Pedro Paulo Santana, a situação fica complicada quando o paciente precisa de exame ou de um especialista. "Complica, primeiro, porque estamos longe do maior centro onde tem oferta desse exame. Segundo, porque a gente não tem um especialista por aqui", explicou.

Segundo o professor Adauto Emmerich, o Programa Saúde da Família visa atender a população em uma área específica. "Visa trabalhar com consultas preventivas, que trabalham com problemas básicos e está associado a um aspecto importante, que é promover a saúde da família, ou seja, promover no sentido de dar capacidade de as pessoas gerarem saúde no dia a dia. A equipe vai na casa das pessoas, tem um profissional importante que são os agentes comunitários de saúde, algumas medicações eles podem fazer. E também fazer um link entre os moradores e as unidades de saúde. Esse programa é importante porque resolve os problemas básicos, por exemplo diabetes, hipertensão, sistema de odontologia", disse.

Na rodoviária de Montanha, pacientes se encontram para viajar até Vitória em busca de atendimento médico. "Vou fazer exame de mamografia. Não é um exame complicado, mas aqui no nosso município nós não temos esse serviço", disse uma das moradoras.

A secretária de saúde do município, Viviane Santos, contou que cada vez mais pessoas vão para Vitória para consultas. "Tem vezes que carregamos mais de 60 pacientes, ou seja, é um ônibus e van", falou.

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