'Governo não tem que se meter em Conselho de Ética', diz Guimarães

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), afirmou nesta terça-feira (24) que o Planalto não vai “se meter” no processo do Conselho de Ética que investiga o presidente da Casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo ele, os votos dos três integrantes do PT no colegiado são um “problema do partido", não do governo.

“O governo não tem que se meter em Conselho de Ética. O Conselho de Ética é um órgão da Casa. O que o governo está interessado é em votar a agenda econômica para o país. O que o governo espera é que a Câmara funcione normalmente e que o Conselho de Ética funcione também normalmente”, afirmou Guimarães.

“Sobre como vai funcionar voto de fulano e de beltrano, é um problema dos partidos, não do governo”, completou o petista.

O Conselho de Ética se reúne às 14h30 desta terça para a leitura do parecer do relator, o deputado Fausto Pinato (PRB-SP), mas a votação só deverá ocorrer na próxima semana, já que o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), aliado de Cunha, adiantou que pedirá vista (mais tempo para analisar o caso).

Deputados contrários ao presidente da Câmara dizem que há um acordo em negociação entre o peemedebista e o governo, para que deputados do PT votem a pela absolvição de Cunha.

Em troca, o peemedebista rejeitaria a abertura de processos de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Lideranças do PT negam que exista essa negociação.

Nesta segunda (23), o vice-líder do governo na Câmara, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), e o deputado Valmir Prascidelli (PT-SP), integrante do Conselho de Ética, afirmaram que a “tendência” é de que os três membros petistas do colegiado votem pela continuidade do processo que Eduardo Cunha.

Segundo Prascidelli, “o fim do processo” seria uma “omissão” do Legislativo em relação às acusações contra o peemedebista.

“A tendência é que a gente vote favorável à continuidade do processo, pela circunstância das acusações e do que está tramitando no Supremo. O fim do processo significaria a Câmara se omitir, o que seria muito ruim para a Casa. A tendência dos três deputados do PT é votar pela admissibilidade”, disse Prascidelli.

Para impedir a possibilidade de manobras contra o funcionamento do Conselho de Ética, partidos da oposição avaliam se irão impedir as votações no plenário da Câmara até que seja votado parecer preliminar do processo de Cunha no colegiado.

Na semana passada, dezenas de parlamentares deixaram o plenário da Casa, durante sessão de votação, em protesto contra tentativas de postergar o processo que investiga Cunha por suposta quebra de decoro parlamentar.

PSDB e DEM vão se reunir nesta terça-feira (24) para decidir se irão obstruir as votações até que o parecer preliminar que defende a continuidade do processo do peemedebista seja analisado no Conselho de Ética. PSOL, PPS e Rede já decidiram que irão obstruir as sessões.

O líder do governo criticou essa movimentação alegando que a Câmara não pode ficar “paralisada”. “O que o governo quer é o funcionamento da Casa. Todas as suas instâncias. Não pode a Câmara ficar paralisada”, disse.