A dona da casa que foi destruída pela queda de um avião monomotor em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, conta que por segundos não foi atingida pela aeronave. A aposentada Cornelita Meireles, de 70 anos, tinha ido conversar com uma vizinha e, pouco antes do acidente, resolveu voltar à residência: “Estava no meio da rua para atravessar e entrar na minha casa, [o avião] quase pegou na minha cabeça. Glorificar ao senhor Deus porque a nossa a vida, a minha e a dele [marido], a gente não perdeu”.
O acidente ocorreu na noite do último sábado (10). Câmeras de segurança de um supermercado registraram o exato momento em que o avião caiu. Quatro pessoas estavam no monomotor, sendo que um casal de namorados não resistiu aos ferimentos e morreu. Outros dois homens ficaram feridos e foram socorridos.
O marido de Cornelita, o aposentado Octávio Barbosa Silveira, de 72 anos, também não estava em casa no momento do acidente. Ele tinha ido ao supermercado e ficou desesperado ao saber da queda, pois achou que a mulher estava na residência. “Eu desci [para casa] muito apavorado porque eu estava com medo de ela estar dentro de casa, mas graças a Deus ela não estava”, disse o aposentado.
Impasse
Quatro dias após o acidente, o casal de idosos segue hospedado na casa de familiares. A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros têm opiniões distintas em relação à situação do imóvel. Enquanto o órgão municipal sugere que o imóvel pode ser reconstruído, a corporação acredita que o ideal seria a demolição do mesmo.
Para Denis Meireles, que é secretário de Administração e Segurança Pública do município e responde pela Defesa Civil, apesar dos estragos, ainda é possível recuperar a residência. "É uma construção muito antiga, mas só a parte frontal foi afetada. Ainda temos que esperar o laudo do nosso pessoal e da Polícia Técnico-Científica, mas, a olhou nu, eu diria que não precisa demolir", opina.
Porém, os bombeiros não compartilham da mesma ideia. Para o capitão Juliano Borges, os estragos causados foram grandes e podem colocar a família que vive no local em risco.
"Nossa inspeção é visual. A recomendação é que ela seja demolida e reconstruída. A estrutura da frente, que corresponde a um terço do imóvel, está toda destruída. Os outros dois terços estão abalados. Para manter uma margem de segurança, essa é a nossa indicação", destaca.
Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que toda aeronave precisa estar segurada para poder realizar operações no espaço aéreo brasileiro. A cobertura é contratada pelo dono do avião, justamente com o intuito de ressarcir quem obtiver prejuízos decorrentes do acidente.
O G1 tentou contato com o dono da aeronave, Avelino Macedo Ottoni de Carvalho, mas até a publicação desta reportagem, as ligações não foram atendidas.