Em suas argumentações finais no julgamento do impeachment, o advogado da acusação Miguel Reale Júnior criticou nesta terça-feira (30) a presidente afastada Dilma Rousseff por atribuir o processo "uma trama urdida por Eduardo Cunha, sem se aperceber que o processo nasceu das ruas".
O advogado falou na tribuna do Senado logo após Janaína Paschoal. Os dois tem 90 minutos para discurso. O advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, irá falar após a acusação. Depois, estão previstas réplica e tréplica de 1h cada. Com isso, a fase de debates entre os advogados deve durar, ao todo, 5h.
Em um discurso inflamado, Miguel Reale Júnior disse que a "sociedade brasileira" foi às ruas não por revanche partidária, mas porque viu que estava havendo "descaso". Ele pediu que os senadores punam Dilma e a afastem da vida pública.
Para o advogado, "há crime de responsabilidade e há dolo". Segundo ele, o crime está, inicialmente, no uso dos bancos oficiais para financiar o Tesouro. Miguel Reale Júnior reafirmou que as "pedaladas fiscais", que são atrasos nos repasses da União para os bancos públicos, são operações de crédito. "O fato se consumou e está consumado. O fato está absolutamente configurado."
De acordo com ele, as "pedaladas fiscais" ocultou das contas públicas as dívidas com os bancos públicos, gerando resultado primário falso e enganando o mercado e a população. O advogado acusou a presidente afastada de fazer isso para poder continuar gastando.
'Fim da esperteza'
Miguel Reale Júnior disse que o país não está prestes a mudar de governo, mas a "mudar de mentalidade". Ele criticou o que chamou de descontrole das contas públicas e o aparelhamento do estado, que difundiu no país que o importa é ser malandro. "O lulo-petismo é a legitimação da esperteza malandra. O país não quer mais isso."
Assim como Janaína Paschoal, o advogado afirmou que o processo de impeachment é legítimo e não feriu o direito de ninguém. "Não haverá nenhuma injustiça. Tenham a consciência tranquila."