Mato Grosso, 28 de Março de 2024
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Letalidade da PM em SP é a maior nos últimos 12 anos no 1º trimestre

04.05.2015
11:36
FONTE: G1

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  • Quatro pessoas morreram em tiroteio com a PM, na Zona Sul de São Paulo, em janeiro de 2015. Segundo a polícia, elas tentavam roubar caixas eletrônicos
O estado de São Paulo registrou, nos três primeiros meses deste ano, 185 mortos em confrontos com policiais militares em serviço, uma média de 2,05 pessoas mortas por dia, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública. É o maior número de mortos no 1º trimestre dos últimos 12 anos.

No site da Secretaria Estadual de Segurança Pública há dados trimestrais desde 1995. O ano de 2003 foi um ponto fora da curva, com um ápice nos três primeiros meses do ano: houve 196 mortos. Aquele ano fechou com uma média de 2,17 mortos por dia. Com exceção de 2003, a letalidade de 2015 neste 1º trimestre supera a série histórica de mortes em confrontos com a PM .

“No ano passado, o número de mortos por policiais em serviço foi altíssimo, chegou a 700, e isso continua em uma escalada. São várias as causas, desde a impunidade até a cultura de ver o confronto com criminosos como uma guerra”, afirma o ouvidor das polícias, Julio Cesar Neves.

No 1º trimestre do ano passado, foram registradas 157 mortes em confronto da PM: uma média de 1,74 mortes/dia. Em 2013, a média de mortes por dia no período analisado foi de 0,74 e em 2012, 1,24.

Mais mortos do que feridos

Os dados também mostram que, no 1º trimestre deste ano, o número de suspeitos mortos (185) é superior ao de feridos (105). No mesmo período, quatro PMs foram mortos e outros 43 ficaram feridos no trabalho.

Em um artigo de 2011 que considera que se aplica à situação atual, o jurista Luiz Flávio Gomes, em conjunto com a pesquisadora Adriana Loche, diz que "se a polícia mata mais do que fere, isto nos sugere que não são considerados os princípios de razoabilidade e de necessidade da ação. Mesmo em um caso de resistência armada, por parte de delinquentes, cabe à polícia eliminar a resistência e não quem resiste". 

"O maior número de civis mortos em relação ao número de civis feridos é um fato preocupante. Os dados sugerem que há um incentivo – ou uma permissão – de uma postura mais agressiva da polícia no patrulhamento ostensivo, o que inevitavelmente aumenta o risco de abusos por parte dos policiais contra os cidadãos", afirmam eles.

O G1 questionou a PM sobre os dados do trimestre e, até a publicação desta reportagem, não obteve retorno.
Questionada sobre o aumento da letalidade registrada já nos dois primeiros meses deste ano, a Secretaria de Segurança Pública havia dito em comunicado que "a atuação da polícia de São Paulo se dá estritamente dentro dos limites da lei. As exceções são apuradas com rigor e terminam com a punição dos policiais acusados de crimes. Em 2014, 128 policiais militares foram demitidos e 177, expulsos. No caso da Polícia Civil, 55 agentes foram expulsos e 17, demitidos. A SSP tem trabalhado para reduzir os índices de letalidade".

Em março, uma resolução foi publicada pela secretaria determinando a preservação do local do crime de homicídio envolvendo um agente do estado até a chegada do delegado e da perícia.

'Há mais confronto'

O coronel Álvaro Camilo, ex-comandante da PM, afirma que "a criminalidade está mais agressiva e mais armada", atirando contra os policiais e que, por isso, há mais situações de confronto. Desde 2008, foram apreendidos 89 fuzis, 86 metralhadoras e 160 carabinas envolvidos em ações contra os PMs. Há mais confronto", diz.

"A polícia não quer de maneira nenhuma a morte. E, graças a Deus, é o marginal que se dá mal. Enterrei 47 PMs em serviço, e não é fácil entregar a bandeira nacional para uma mãe que perdeu o filho para o caixão", defende o oficial.

Letalidade x criminalidade

"Não existe relação entre a letalidade e a redução dos índices criminais, tanto que os números mostram o contrário", aponta o diretor da ONG Sou da Paz Ivan Marques.

No consolidado de 2014, os casos de roubo subiram 26,5% na capital paulista e 20,5% no estado. O número de homicídios dolosos caiu 4,6% na cidade de São Paulo e 4,5% no estado.

Já no 1º trimestre de 2015, os índices de violência no estado vêm registrando uma tendência de queda depois de uma onda de violência no ano de 2012 que levou à troca no comando da Secretaria de Segurança Pública.

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