A mãe dos quíntuplos, que nasceram nesta segunda-feira (14), teve alta na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Sepaco, na Zona Sul de São Paulo, na manhã desta terça-feira (15) e deve visitar em breve os bebês pela primeira vez na UTI neonatal. O quadro clínico das crianças evolui bem, segundo o hospital.
Até as 12h, a encarregada de vendas Karina Bárbara Barreira, de 35 anos, não tinha ido para o quarto onde estava internada preventivamente desde o dia 10 de março.
“Nesta noite nós optamos por deixá-la na UTI por uma questão de segurança e de conforto, porque ela ficou sonolenta após a anestesia, mas ela não apresentou nenhuma intercorrência”, afirmou o superintendente médico do Hospital Sepaco, Linus Pauling Fascina. De acordo com Fascina, ela deve ter alta do hospital em 72 horas, mas as crianças permanecerão internadas até atingirem o peso mínimo de 1,8kg.
O maior receio dos médicos era a readaptação do útero de Karina. “Ela teve uma ótima evolução durante a noite. Ela está ansiosa para rever os seus bebês. Ela os viu quando nasceu, mas agora quer tocar um pouquinho mais e fazer um pouco mais de carinho”, contou.
O pediatra Lúcio Flavio Lima explicou que, além de todas as imaturidades orgânicas, eles enfrentam a imaturidade imunológica. Os cinco bebês chegaram a receber ventilação mecânica, mas apenas uma menina permanecia entubada nesta manhã.
A equipe médica precisou promover a ventilação mecânica por conta de insuficiências respiratórias. Com a evolução positiva, quatro das crianças passaram a utilizar apenas um cateter nasal. A menor dos bebês, que nasceu com apenas 0,595 kg e que provocou a antecipação do parto, está com o equipamento no nariz.
“A recuperação é boa, mas tudo é muito delicado não dá para prever nada. O próximo passo é a nutrição porque o intestino também é imaturo”, contou.
A alimentação nas primeiras horas após o parto foi administrada pela veia desde na noite de segunda-feira. Como os bebês evoluíram bem, a equipe médica deve começar a nutrir por meio de sonda entre esta terça e quarta-feira (15).
“Elas não têm capacidade de deglutir ou sugar. Essa fase de crescimento, que acompanha o amadurecimento do sistema nervoso, demora entre 3 e 4 semanas”, explicou Fascina.
Após alta da mãe
O hospital tem um sistema de pai e mãe participantes, que permite que um dos pais passe a noite no hospital e, durante o dia, o casal se reveze. “Eles podem ficar 24 horas no hospital para que eles acompanhem os bebês. Pode ficar a família completa lá dentro. A gente acredita que com isso as crianças tenham uma evolução mais positiva e natural.”
Nesse período, os médicos promoverão o mãe-canguru quando as crianças ficam em contato direto com a mãe. Neste caso, o pai também deve colaborar e participar do pai-canguru. “Na ausência da mãe, mas tendo o leite dela, a gente coloca o bebê no colo do pai e oferece o leite da mãe”, explicou.
Parto
Imagens registradas por uma câmera dentro da sala de parto mostram a sequência de pouco mais de três minutos que registra o nascimento dos quíntuplos. A cesárea ocorreu um dia depois de a gestante completar sete meses de gravidez.
Durante a cesárea, a equipe optou por identificar os recém-nascidos por cores. O primeiro a ser retirado, um menino, foi associado à cor laranja. Segundo o pai, as crianças ainda não têm nome, exceto o garoto. Entretanto, ele diz que só vai divulgar o nome quando todos forem escolhidos.
Emocionado, o pai João Biagi Júnior disse que viveu todos os sentimentos misturados. "Não tem uma palavra para definir", afirmou.
O parto mobilizou três obstetras, dois anestesistas, oito pediatras, três enfermeiras e seis técnicas em enfermagem em uma sala de cerca de 60 metros quadrados, preparada para procedimentos de alta complexidade.
A cesárea durou cerca de 40 minutos. Pouco mais de três minutos foi o tempo entre a retirada do menino com 1,185 kg, o primeiro a nascer, e da última menina, que tinha 0,715 kg.
A menor menina foi a quarta a ser retirada e estava com 0,595 kg. As outras duas meninas pesaram 0,905 kg e 0,930 kg.
“Nesse momento crítico do nascimento era fundamental o tempo entre o primeiro e o último. A operação tinha que ser rápida para a gente poder dar a mesma oportunidade para o primeiro e para o último. Conseguimos entregar as crianças para o grupo da pediatria em excelente estado”, afirmou o obstetra Carlos Del Roy.
Segundo os médicos, todos nasceram ativos e nenhum precisou ser reanimado. “A condição de vitalidade era muito boa e eles continuam muito bem. Eles são bebês imaturos e vamos ter que trabalhar com isso. A gente acha que logo logo esses bebezinhos vão estar bem”, disse o pediatra Lúcio Flavio Lima.