Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
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Mãe diz que filha de 12 anos foi agredida no DF por ser negra

21.03.2013
07:24
FONTE: G1

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A empregada doméstica Márcia Pereira do Nascimento afirmou que nunca foi tão difícil sair de casa para trabalhar quanto nesta quarta-feira (20). A filha dela de 12 anos foi espancada perto de uma parada de ônibus da avenida Potiguar, no Recanto das Emas, no Distrito Federal, há dois dias. Quatro desconhecidas socaram, arranharam e chutaram a garota por ela ser negra, diz a mãe.

As agressões ocorreram pela manhã, no trajeto para a escola. Acostumada a ir sozinha, a adolescente contou ter se confundido e pegado o coletivo errado. Ela desceu na terceira parada da via para trocar de ônibus, mas antes foi abordada pelas garotas, duas delas encapuzadas.

"As meninas disseram que não aceitavam negras no beco delas. Minha filha falou que tudo bem, que já estava indo embora, mas elas responderam que, como ela estava lá, ela teria que pagar pelo que fez", afirma Márcia.

Enquanto as duas jovens encapuzadas a imobilizavam, as outras ofenderam a garota e a atingiram nos braços, pernas e barriga. A adolescente disse não ter ideia do tempo que passou sendo agredida e que escolheu não reagir por medo de que elas fossem ainda mais violentas. Tudo o que a menina queria era sair dali.

O caso foi registrado na delegacia da região na noite de segunda. A Polícia Civil informou que não vai se pronunciar a respeito até que as agressoras sejam identificadas. Na terça, a garota passou por  exames no Instituto Médico Legal (IML) para confirmar as lesões. Depois, ainda mancando e reclamando de fortes dores, foi levada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

"É muito ruim mesmo, uma dor que nem tem como descrever, você ver um filho passando por isso. Ela só chora", diz. "Ela veio me perguntar se eu a amo de verdade, do jeito que ela é. E eu a amo e a amaria sempre, mesmo se não tivesse as duas pernas."

Márcia afirmou que toda a família ficou horrorizada com o que aconteceu. Ela foi dispensada do trabalho na segunda e na terça para cuidar da filha, que também não foi à aula nesses dias. A adolescente voltou ao colégio nesta quarta para fazer uma prova de matemática.

Ganhando um salário mínimo por mês para sustentar os três filhos e um neto, Márcia disse que teme pelo equilíbrio emocional da garota. "Não tenho condição de pagar um psicólogo, porque tem dias que a gente não tem nem o que comer. Ela ficou muito abalada e ainda mais reservada. Ela nunca vai se recuperar."

Nesta quarta, o governo do Distrito Federal lançou o disque racismo. Por meio do 156, a população vai poder denunciar agressões a negros, indígenas, ciganos e quilombolas.

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