Agentes do Ministério Publico Federal (MPF-RJ) chegaram à casa do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa para ouvir seu depoimento por volta de 14h desta sexta-feira (28), na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Os servidores se identificaram na portaria, mas não quiseram falar com a imprensa.
O objetivo é apurar uma “suposta evolução patrimonial incompatível com a renda” de Sergio Machado, presidente licenciado da Transpetro, subsidiária responsável pelo processamento de gás natural e transporte de combustíveis.
O pedido de depoimento da promotora Gláucia Maria da Costa Santana foi feito por meio de ofício enviado nesta quinta-feira (6) ao juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, responsável pelo processo da Lava Jato.
No documento, ela informa que notificou Paulo Roberto Costa e informou seus advogados sobre o inquérito civil que está conduzindo. As investigações estão sob sigilo, segundo a assessoria do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Em nota à imprensa, a assessoria de imprensa de Sergio Machado afirmou que ele forneceu todas as informações solicitadas ao Ministério Público “evidenciando a sua atuação lícita e regular” e que passados cinco anos da abertura do inquérito, o órgão não apresentou acusação formal contra ele.
Ainda segundo a assessoria, em 22 de julho foi emitido um relatório de análise fiscal do MP que atesta “compatibilidade patrimonial em todos os anos-calendário”. “O MP concluiu de forma categórica que os ganhos de Sergio Machado são totalmente compatíveis com sua renda e patrimônio”, diz a nota.
Costa fez acordo de delação premiada e, em depoimentos, relatou o recolhimento de propina de fornecedoras da Petrobras para abastecer partidos políticos. Em troca da colaboração com as investigações, o ex-diretor da Petrobras ganhou o benefício da prisão domiciliar.
Em um dos depoimentos no processo criminal em andamento na Justiça Federal do Paraná, Paulo Roberto Costa disse que tinha conhecimento de que a Transpetro também repassava propina a políticos. Ele disse ter recebido R$ 500 mil de Sergio Machado, em razão de a Diretoria de Refino e Abastecimento, que comandava, ter participado da contratação de navios para a Transpetro.
Ainda de acordo com o ex-dirigente, a propina foi paga em dinheiro na casa de Machado, no Rio. Ele disse que não lembra quando ocorreu o negócio, mas que teria sido entre 2009 e 2010. "[O dinheiro] foi entregue diretamente por ele [Machado], no apartamento dele no Rio de Janeiro", contou Costa.
Declarações 'mentirosas e absurdas'
Em nota divulgada no início de outubro, após a divulgação do depoimento, a assessoria da Transpetro disse que Sergio Machado negou "com veemência" as declarações de Paulo Roberto Costa a seu respeito. O presidente da subsidiária da Petrobras classificou o relato do ex-diretor de "mentirosas e absurdas".
O comunicado também diz que Machado estranhou o fato de as declarações terem sido divulgadas em pleno processo eleitoral. A assessoria informou que o dirigente da subsidiária "tomará todas as providências cabíveis, inclusive judiciais, para defender a sua honra e a imagem da Transpetro".
Na última segunda (3), Sergio Machado decidiu se licenciar da presidência da Transpetro defendendo sua gestão à frente da empresa. Antes, no dia 10 de outubro, em meio a especulações de que ele seria demitido do cargo, a presidente Dilma Rousseff, em entrevista no Palácio da Alvorada, afirmou a jornalistas que ele havia sido chamado pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a prestar esclarecimentos sobre as denúncias.