O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta quinta-feira (23), em videoconferência com a imprensa estrangeira, que a investigação da Polícia Federal dentro da Operação Carne Fraca não coloca em dúvida a qualidade da carne brasileira.
Maggi disse aos jornalistas estrangeiros que o que está sendo investigado é a conduta de fiscais agropecuários.
"[A investigação] Não está colocando nenhuma dúvida sobre a rastreabilidade ou qualidade dos produtos. O que está sendo investigado é a conduta de servidores”, disse o ministro na videoconferência.
Entretatanto, o próprio Ministério da Agricultura divulgou uma lista que aponta, entre as irregularidades investigadas pela Polícia Federal, a suspeita de uso de carne estragada em salsicha e linguiça, além da venda de carne vencida.
O documento divulgado pelo Ministério, com base no inquérito da PF, informa, por exemplo, que o Frigorífico Larissa, que fica em Iporã (PR), é investigado por comércio de produtos vencidos e transporte de produtos sem a temperatura adequada.
Já os frigoríficos da Peccin, que foram interditados, são acusados de uso de carne estragada em salsicha e linguiça e uso de aditivos acima do limite permitido.
A operação investiga 21 frigoríficos. O ministério suspendeu a licença de exportação de todos eles.
Na entrevista, o ministro afirmou ainda que o ministério está fazendo uma força tarefa nos 21 frigoríficos investigados e em todo o sistema de fiscalização.
"Estamos repassando todo o nosso sistema e olhando ponto a ponto para ter certeza de que o que ocorreu está restrito à parte burocrática e não está ligada à parte de saúde", disse Maggi.
A repercussão mundial da operação da PF levou alguns dos principais países compradores de carne brasileira a restringirem as importações nesta semana. Também já provocou um tombo nas exportações de carne pelo Brasil.
A operação
Deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, a Operação Carne Fraca investiga corrupção de fiscais do Ministério da Agricultura, suspeitos de receberem propina para liberar licenças de frigoríficos. Segundo a PF, partidos como o PP e o PMDB também teriam recebido propina.
Além de corrupção, a PF também apura a venda, pelos frigoríficos, de carne vencida ou estragada, dentro do Brasil e no exterior.
As investigações envolvem empresas como a JBS, que é dona de marcas como Friboi, Seara e Swift, e a BRF, dona da Sadia e Perdigão, além de frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do Paraná, e Larissa, que tem unidades no Paraná e em São Paulo.
Na segunda, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, já havia anunciado a suspensão das exportações dos 21 frigoríficos investigados pela PF. Três deles fora interditados e pararam a produção. Os outros 18 podem continuar a vender dentro do Brasil.
O Ministério da Agricultura também afastou preventivamente os 33 servidores da pasta que são investigados na Operação Carne Fraca. Segundo o ministério, esses servidores vão responder a processo administrativo disciplinar.