Parlamentares questionaram nesta quinta-feira (23) o presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB- PB) sobre o sigilo do contrato da comissão com a empresa Kroll, que receberá cerca R$ 1,068 milhão (o preço original é de quase 226 mil libras esterlinas) para investigar e identificar recursos desviados da estatal que estejam em contas no exterior.
Desde que o contrato foi anunciado pela CPI, em 26 de março, ele não foi disponibilizado para o público nem para os próprios parlamentares que integram o colegiado. O G1 procurou obter uma cópia do documento com comissão, com a Diretoria Geral da Câmara e via assessoria da Casa, mas foi informado que o contrato só seria liberado com autorização da direção da CPI.
Posteriormente o deputado Hugo Motta informou que o contrato seria mantido em sigilo, devido a um pedido feito pela Kroll. Ele destacou, porém, que integrantes da CPI teriam acesso ao documento em uma sala-cofre, onde só seria permitida a entrada sem aparelhos telefônicos e fotográficos.
Na sessão desta quinta da comissão, o sigilo foi criticado. “Por que essa exigência da Kroll de ser sigiloso o contrato? Quero ouvir se o contrato vai estar aberto hoje, porque ele não está ainda disponível. A CPI deve ouvir o responsável por esse contrato. Queremos saber o motivo da contratação desse empresa e o seu plano de trabalho”, disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) também pediu rápido acesso ao documento. “A gente precisa ter informações sobre esse contrato. Já procurei diversas vezes a CPI sobre isso”, disse. Hugo Motta explicou que o contrato demorou a ser disponibilizado, porque a Diretoria Geral estava finalizando questões jurídicas.
“Ainda não foi levado como imaginávamos que tivesse sido, porque a Diretoria-Geral estava finalizando trâmites burocráticos. Agora, como foi finalizada essa etapa, vamos disponibilizar o documento hoje. Com relação ao sigilo, foi uma tratativa da Diretoria Geral com a empresa para que o contrato ficasse apenas disponível à CPI”, afirmou Hugo Motta.
Já os deputados Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) defenderam que a Kroll também investigue repasses que a SBM Offshore teria feito a dirigentes e da Petrobras como parte do esquema de propina estatal.
A Kroll foi alvo de investigação da Polícia Federal em 2004. O banqueiro Daniel Dantas foi acusado de contratar a empresa para espionar executivos da Telecom Itália. Na época, Dantas negou a contratação da empresa para a realização de interceptação telefônica de adversários empresariais e membrosdo governo. Ele foi absolvido pela Justiça da denúncia de formação de quadrilha.
A assessoria de comunicação do banco Opportunity, por meio de nota enviada ao G1, informou que Daniel Dantas foi alvo de "denúncia armada" ao ser acusado de que "estaria 'espionando' a Telecom Itália e o alto escalão do governo Lula". O banco também reafirmou que Dantas foi absolvido de denúncias no Brasil e considerado "vítima" me processos de investigação na Itália.