Três dos quatro policiais julgados pela morte do brasileiro Roberto Laudisio Curti foram absolvidos pela Justiça da Austrália nesta terça-feira, incluindo Eric Lim, responsável por vários disparos de armas de choque (Taser) no corpo do estudante. Apenas Damian Ralph, que disparou três latas de spray de pimenta no rosto de Curti, foi condenado, mas cumprirá pena em liberdade condicional após o pagamento de fiança. Nenhum deles foi a julgamento por homicídio, porque a causa da morte do brasileiro permaneceu inconclusiva após a autópsia.
Lim e Ralph foram julgados por agressão e Scott Edmondson e Daniel Barling, por agressão com o agravante de lesão corporal. A juíza Claire Farnan, da Corte local, considerou que não houve má intenção ou nenhuma atitude hostil específica contra Curti por parte dos policiais. "(O Taser e o spray de pimenta) são opções táticas apropriadas para uso da polícia de New South Wales. São opções de força não letal disponíveis para que os policiais controlem uma situação em que o suspeito está resistindo ou tentando escapar à prisão", declarou a juíza.
No julgamento que durou um mês, os advogados de defesa argumentaram que o brasileiro estava resistindo violentamente e que, diante da pressão do momento, os policiais tinham razões para acreditar que Curti fosse um criminoso e que o uso da força era necessário, ainda que 14 disparos de Taser ou o uso excessivo do spray de pimenta contrariem os "Procedimentos de Operação Padrão" da polícia.
Por isso, a Comissão de Integridade da própria polícia pediu o indiciamento dos policiais em dezembro de 2013. No ano anterior, a magistrada Mary Jerram havia considerado que os policiais agiram de forma brutal, imprudente e perigosa na abordagem ao jovem brasileiro.
Porém, o tribunal se convenceu que Curti estava sofrendo da Síndrome do Delírio Agitado, consequência do uso de um papelote de LSD horas antes de ser perseguido pela polícia. "O senhor Curti exibia características que incluíam agressividade extrema e comportamento violento; atividade física constante, não respondendo à presença da polícia; inadequadamente vestido, respirando rapidamente, suando muito, produzindo sons animalescos inteligíveis, sendo insensível ou extremamente tolerante à dor, aparentando força extrema e incansável apesar do esforço excessivo", afirmou a juíza, na sentença.
No caso Curti, a condenação só aconteceria se a promotoria conseguisse provar, além de qualquer dúvida razoável, que os policiais sabiam que o brasileiro já estava algemado quando aplicaram o Taser ou o spray. Não houve evidências suficientes, segundo a juíza.
O brasileiro morreu em 18 de março de 2012, na calçada da rua Pitt, em Sydney, após ser perseguido por onze policiais, acusado de roubar um pacote de biscoitos de uma loja de conveniências.
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