Mato Grosso, 28 de Março de 2024
Nacional / Internacional

Preço, crise da Petrobras e regras podem esvaziar leilão de petróleo

06.10.2015
15:13
FONTE: Reuters

IMPRIMA ESSA NOTÍCIA ENVIE PARA UM AMIGO

Os baixos preços do petróleo e o escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras devem diminuir o interesse na 13ª Rodada de Licitação de áreas de petróleo e gás natural que o Brasil promove na quarta-feira (7), o primeiro leilão em quase dois anos.

Apesar de esperanças das autoridades de que o certame possa aliviar a pressão sobre a indústria de petróleo do Brasil, antes em alta e agora abalada, poucos fora do governo esperam que o resultado seja algo próximo do sucesso desejado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), responsável pelo leilão.

A expectativa é reflexo não apenas da queda do preço do petróleo em mais de 50% desde o último leilão, reduzindo as receitas da indústria e os lucros potenciais, mas também pela situação da estatal Petrobras, a principal petroleira do país, que está envolvida em um escândalo de propinas.

Com cerca de US$ 130 bilhões em dívidas e um acúmulo de projetos existentes, a Petrobras não disse se irá apresentar lances no leilão. Em todas licitações anteriores, a estatal, sozinha ou em consórcio, foi responsável por metade ou mais dos lotes arrematados.

"Temo que esta licitação seja uma catástrofe", disse o presidente do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. "A Petrobras está em tão má fase que se ela arrematar algo, provavelmente suas ações vão cair."

Na véspera, a Petrobras anunciou cortes de US$ 18 bilhões em gastos operacionais e investimentos que estavam previstos para os próximos dois anos.

Embora se diga confiante quanto ao leilão, a diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, alertou que os baixos preços do petróleo e uma economia mundial em dificuldades significam que o Brasil "está em um ambiente diferente" em relação aos certames anteriores.

Regras criticadas

O interesse dos investidores em leilões foi testado menos de três meses atrás no México, em uma longamente esperada abertura da indústria estatal de petróleo do país, que vendeu apenas 2 de 14 contratos oferecidos.

O México foi capaz de atrair interesse em um segundo leilão, em 30 de setembro, que vendeu três de quatro áreas oferecidas depois de reduzir exigências contratuais a pedido dos interessados.

No Brasil, no entanto, a presidente Dilma Rousseff e a ANP têm resistido em mudar regras de conteúdo local e contratos de concessão que muitos na indústria de petróleo dizem que elevam custos e aumentam riscos políticos.

O leilão de quarta-feira vai oferecer 266 blocos em dez bacias sedimentares (Amazonas, Parnaíba, Potiguar, Recôncavo, Sergipe-Alagoas, Jacuípe, Camamu-Almada, Espírito Santo, Campos e Pelotas).

Todas as áreas serão concedidas mediante um sistema de concessão em que leva aquele que oferecer o maior lance. Os proponentes terão que se comprometer com um programa exploratório mínimo e com um índice de conteúdo local em bens e serviços.

Os vencedores ficarão com todo o petróleo produzido em troca do pagamento de royalties.

Espera-se um maior interesse nas áreas da bacia de Sergipe, perto de onde a Petrobras fez grandes descobertas de petróleo e gás com parceiros que incluem a India Oil and Natural Gas Corp e a IBV Brasil, uma joint venture entre Videocon Industries e Bharat Petroleum Corp.

Deve haver interesse também na bacia de Pelotas, onde houve descobertas recentes de gás natural.

Ao todo, 37 empresas de 17 países - incluindo Petrobras, ExxonMobil, BP e Royal Dutch Shell - foram habilitadas para o leilão, mas muitos não devem apresentar lances.

"Nunca vi tão pouco interesse", disse Paulo Valois, advogado especializado em petróleo no escritório L. O. Baptista, no Rio de Janeiro. "Duvido que muitas das empresas que se cadastraram apresentem propostas."

IMPRIMA ESSA NOTÍCIA ENVIE PARA UM AMIGO

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ENVIE SEU COMENTÁRIO