Mato Grosso, 28 de Março de 2024
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Preso, executivo da Andrade Gutierrez faz exame em IML no Paraná

29.07.2015
10:38
FONTE: G1

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  • Flávio foi preso na manhã de terça-feira (28), no Rio de Janeiro
O presidente global da AG Energia, ligada ao grupo Andrade Gutierrez, Flávio David Barra, que foi preso na 16ª fase da Operação Lava Jato, na terça-feira (28), fez exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML), que é praxe após a prisão, por volta das 10h desta quarta-feira (29), em Curitiba. Ele está preso na Superintendência da PF, no bairro Santa Cândida.

Ele foi preso junto com Othon Luiz Pinheiro da Silva, diretor-presidente licenciado da Eletronuclear. A previsão inicial da PF era de Othon também fizesse o exame junto com Flávio. No entanto, por volta das 10h20, a PF informou ao G1 que Othon está preso no Exército por ter formação militar e que ele realizou o exame no mesmo local na noite de terça.

Os dois são investigados por lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupçã nas obras da usina nuclear de Angra 3, localizada na praia de Itaorna, em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro.

Ainda de acordo com a PF, como o prazo da prisão temporária deles vence no sábado (1º), também há uma programação por parte dos delegados para que a dupla seja ouvida também nesta quarta. Contudo, a PF não informou o horário.

A prisão temporária pode ser prorrogada pelo mesmo período ou convertida em preventiva, que é quando o investigado fica preso à disposição da Justiça sem prazo pré-determinado.

Flávio Barra, foi citado na delação do ex-presidente da empreiteira Camargo Corrêa Dalton Avancini, que cumpre prisão domiciliar. O delator afirmou que havia um acerto futuro de pagamento de propina a funcionários da Eletronuclear, referente as obras de Angra 3, e que Flávio teria participado da reunião, em agosto de 2014. Barra foi detido em um táxi no Rio, quando seguia para a empresa.

Já Othon é suspeito de ter recebido R$ 4,5 milhões em propina entre 2009 e 2014 da Engevix e Andrade Gutierrez, também investigadas pela Lava Jato, para favorecê-las em licitações das obras de Angra 3. A licitação foi vencida pelo consórcio Angramon, composto por Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Queiroz Galvão, EBE e Techint.

Segundo o MPF, os valores ilícitos eram repassados por meio de empresas intermediárias para a Aratec Engenharia, Consultoria & Representações Ltda, que pertencente a Othon Luiz.

A maior parte dessas empresas, segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, eram de fechada. Othon foi afastado do cargo em abril deste ano, quando surgiram denúncias de pagamento de propina a dirigentes da empresa, que é uma subsidiária da Eletrobras.

A Aratec não seria de fechada, segundo o procurador. "Há indícios de que ela tenha alguma atividade, notadamente na área de tradução de documentos. Mas as notas fiscais emitidas em relação aos contratos que estão sob investigação são de consultoria. Uma delas, de dezembro de 2014, está vinculada a um suposto projeto de engenharia", completou.

Foco da atual fase

A atual fase da operação, batizada de "Radioatividade", foi deflagrada nesta madrugada em Brasília, Rio de Janeiro, Niterói (RJ), São Paulo e Barueri (SP). O foco das investigações, segundo a PF, são contratos firmados por empresas já mencionadas na Operação Lava Jato com a Eletronuclear, cujo controle acionário é da União.

A empresa foi criada em 1997 para operar e construir usinas termonucleares e responde hoje pela geração de cerca de 3% da energia elétrica consumida no país.

Ainda nesta terça-feira, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as investigações da Lava Jato, determinou o bloqueio de R$ 60 milhões. De acordo com a solicitação do juiz, devem ser bloqueados R$ 20 milhões de Othon Luiz Pinheiro da Silva, o mesmo valor do executivo da empreiteira Andrade Gutierrez Flavio David Barra e outros R$ 20 milhões da Aratec Engenharia, Consultoria & Representações Ltda, que pertencente a Othon.

Ainda de acordo com a PF, a formação de cartel, o prévio ajustamento de licitações nas obras de Angra 3 e o pagamento indevido de vantagens financeiras a empregados da estatal são os objetos de apuração da atual fase.

Angra 3 será a terceira usina nuclear do país e está em construção na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). Ela terá potência de 1.405 megawatts (MW) e gerará energia suficiente para abastecer Brasília e Belo Horizonte por um ano.

"Promessa" de propina 

O depoimento de Dalton Avancini ao qual ele mencionou o nome dos dois presos na 16ª fase ocorreu em abril deste ano. O ex-presidente da Camargo Corrêa afirmou que houve "promessa" de pagamento de propina ao PMDB e a dirigentes da Eletronuclear nas obras da usina nuclear Angra 3. Avancini deixou a prisão em 30 de março para cumprir prisão domiciliar, após firmar acordo de delação premiada com a Justiça, homologado pelo juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas investigações da Lava Jato na primeira instância.

Ainda de acordo com ele, a Camargo Corrêa foi informada em agosto de 2014 de que havia "compromissos" de pagamento de propina equivalente a 1% dos contratos das obras da usina ao PMDB e aos diretores da Eletronuclear. Somados, os contratos de Angra 3 chegam a R$ 3 bilhões, de acordo com o executivo. À época, o PMDB negou as acusações de recebimento de propina.

A Eletronuclear e o então presidente da empresa, Othon Luiz Pinheiro, disseram em abril que as acusações eram infundadas, que a empresa age sempre em total transparência e que o Tribunal de Contas da União aprovou a preparação das propostas de preços em Angra 3. Uma comissão interna de fiscalização apura as denúncias e uma empresa de investigações foi contratada "para garantir a transparência e independência dos trabalhos", segundo nota da estatal.

Defesas

A Eletronuclear ainda não se pronunciou sobre a prisão do diretor-presidente licenciado. A Andrade Gutierrez afirma, em nota, que está acompanhando a 16ª fase da Lava Jato e que sempre esteve à disposição da Justiça. "Seus advogados estão analisando os termos desta ação da Polícia Federal para se pronunciar", diz o texto. A Engevix também ressaltou que "está prestando todos os esclarecimentos necessários à Justiça".

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