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Sem obrigação, eleitores acima de 70 anos fazem questão de votar em GO

02.09.2014
14:53
FONTE: G1

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  • Norton diz que 'enquanto estiver vivo' vai votar
Mesmo sem ter a obrigação legal de votar, eleitores goianos com mais de 70 anos pretendem ir às urnas para ajudar a escolher seus representantes. Eles questionam a falta de propostas específicas de todos os candidatos para pessoas da terceira idade e acreditam que um voto consciente agora pode influenciar futuramente na vida de seus filhos e netos.

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-GO), no último pleito, em 2012, 242.472 mil pessoas nesta faixa etária estavam aptas a votar. Neste ano, o crescimento foi de apenas 0,2%, resultando em 257.911 mil idosos votantes, ou 5,95% do total de eleitores do estado.

São pessoas como a pensionista Adail Amaral Ruas, ou como ela gosta de ser chamada, Dasa. Com 83 anos, ela diz que vota desde os 18, quando ainda era jovem e morava em Minas Gerais, sua terra natal. "É uma maneira de expressar a vontade que a gente tem. Acho que um voto pode fazer a diferença", diz. 
A idosa diz que sempre incentivou sua família a votar. E o maior exemplo vinha de dentro da própria casa. Viúva há 14 anos, ela revela que seu marido foi vereador na cidade de Nanuque, a 605 km de Belo Horizonte.

Ela reclama que não viu, até agora, nenhum projeto político que tenha citado melhorias para os idosos. Para Dasa, os candidatos prometem muito e não cumprem com o discurso. "A descrença é com os políticos e não com a política. Mas temos que ter esperança. Se não melhorar para mim, melhora para eles", diz, referindo-se aos quatro filhos, oito netos e um bisneto.

Incentivo

Durante os passeios diários que faz pelo Parque Vaca Brava, em Goiânia, o aposentado Egídio José dos Santos, de 87 anos, tenta incentivar os amigos da mesma faixa etária a também votar. "A maioria diz que vai votar, mas tem um ou dois que fala que não vai. Eu digo que eles têm que ir às urnas. É uma obrigação nossa mudar", pondera.

Paulista radicado há 6 anos em Goiânia, o aposentado diz que os candidatos "não oferecem nada" em termos de propostas. Porém, ele acredita que é preciso continuar tentando melhorar a situação. "Não pode desanimar. O pessoal hoje está muito desiludido. Não é fácil, mas tenho esperança de que meus filhos e netos vivam em um mundo melhor", destaca.

Mais otimista, o também aposentado Norton Melo, de 72 anos, acredita que a situação política do país está boa, "mas ainda pode melhorar". Telespectador do horário eleitoral gratuito, ele também se queixa da falta de propostas específicas para os idosos.

Norton se gaba de ter eleito todos os candidatos em que escolheu nas urnas e avisa que vai continuar votando até quando puder. "É uma vontade minha. Nunca pensei em não fazer. Enquanto tiver vida, vou fazer", salienta.

Discernimento

Professor e mestre em filosofia política, José Antônio Soares Cavalcante afirma que o eleitorado mais maduro é "calejado" e tem discernimento para escolher entre os bons e os maus candidatos. Diante disso e analisando o atual cenário político, ele imagina algo curioso.

"Não veria com estranheza se a maioria dos brasileiros com mais de 70 anos decidissem votar nulo. Não há políticas públicas para a terceira idade. Nem o que há de legal, que é o Estatuto do Idoso, que deveria assegurar o mínimo, é cumprido", pontua.

Para o especialista, não só na faixa etária mais elevada, como em todo o eleitorado, existem pessoas menos e mais esclarecidas em relação à política. Segundo ele, é esse conhecimento que possibilita analisar qual a possibilidade de uma proposta ser executada ou não.

"Quanto mais sensacionalista e fantástica é a promessa, mais ela atinge a faixa menos esclarecida. Idosos mais esclarecidos têm maiores condições de avaliar as condições dela se tornar ou não realidade", explica.

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