A torcedora do Grêmio flagrada ao gritar "macaco" para o goleiro Aranha, do Santos, no jogo pela Copa do Brasil, na semana passada, vai prestar depoimento na quinta-feira (4), conforme informou o delegado Herbert Ferreira, titular da 4ª Delegacia de Polícia responsável pelas investigações. Dois homens serão ouvidos ainda nesta terça-feira (2). De acordo com a Polícia Civil, os três podem ser indiciados por injúria racial qualificada.
A jovem Patrícia Moreira, de 22 anos, constituiu um novo advogado, segundo o delegado Herbert. O profissional ligou para a delegacia na noite desta segunda-feira (1) e confirmou o depoimento da garota para quinta (4). Guilherme Rodrigues Abrão, que havia feito contato para fazer a defesa dela no caso voltou atrás.
Dois seguranças do Grêmio e um ex-integrante da torcida Geral já foram ouvidos. Porém, o delegado Herbert entende que os depoimentos não foram tão esclarecedores. Imagens das câmeras da Arena, entregues pelo clube, ainda estão sendo analisadas. “Ajudam bastante na investigação. Realmente, a menina tem a imagem mais contundente. Não precisa nem de leitor labial. Mas o Aranha foi bem enfático no depoimento, disse que outras pessoas também gritaram”, afirma Herbert.
Segundo a polícia, quatro pessoas já foram identificadas por atos racistas na partida. Destas, três foram intimadas a prestar depoimento. O delegado, no entanto, não descarta que o número de envolvidos nos xingamentos possa chegar a seis.
Torcedora quer se retratar
Na manhã de segunda, o advogado Guilherme Rodrigues Abrão Abrão, que ia fazer a defesa da torcedora, disse que a jovem estava arrependida e pretendia se retratar. A torcedora chegou ao escritório dele junto com uma amiga e o irmão por volta das 8h45. Bastante nervosa e assustada, não quis falar ao G1 sobre o episódio e pediu para que não fossem tiradas fotos.
De acordo com o ex-advogado de Patrícia, a garota recebeu ameaças ao longo do fim de semana, inclusive de estupro, e teve todos os seus dados expostos na internet. A família também não foi poupada. Uma prima de 14 anos não pode ir à escola. Após o incidente, sua mãe passou mal. No início da tarde, o advogado voltou atrás e disse que não iria mais ficar com o caso.