Os veteranos do curso de engenharia mecânica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), responsáveis pelo trote que deixou um calouro em coma, serão ouvidos pela instituição de ensino do município da Região Central do Rio Grande do Sul. Segundo a reitoria, o objetivo é apurar se houve abusos.
O jovem de 18 anos chegou a ser internado na quarta-feira (13) em um hospital da cidade, após participar das brincadeiras organizadas por universitários. De acordo com médicos, o corpo do calouro também estava molhado com algum tipo de líquido inflamável, possivelmente querosene ou gasolina.
A UFSM ponderou que o caso ocorreu fora da área da universidade, o que faz a polícia ser a responsável direta pelas investigações. Os parentes, porém, ainda não registraram boletim de ocorrência. "O que podemos fazer é contatar a família. Mas a notícia que temos é que está tudo sob controle. Obviamente lamentamos todo esse processo, porque esta não é uma orientação da universidade, que tem suas resoluções", avaliou o reitor da UFSM, Paulo Burmann.
Segundo ele, mesmo fora dos limites da universidade, "cabe persistir as campanhas da unioversidade para estimular trotes solidários". O calouro, que recebeu alta nesta quinta (14), ressaltou que ingeriu bebida alcoólica por conta própria, e disse ter sentido estar quase morrendo.
Hipotermia e riscos
O trote ocorreu no Parque Itaimbé, tradicional ponto de concentração de universitários na cidade. Segundo a mãe do estudante, que completou 18 anos um dia antes do fato, ele saiu de casa por volta de 16h para participar das brincadeiras. Horas depois, uma ligação vinda do Hospital da Unimed informou a família sobre o coma.
O médico plantonista Fernando Souza, responsável pelo atendimento inicial do calouro, explicou que ele apresentava quadro de hiportemia e estava parcialmente nu. "Não sabemos o que ele ingeriu, sabemos que estava em coma. Possivelmente alcóolico”, afirmou.
Na tarde desta quinta, um grupo de universitários participava de um trote no mesmo local. Havia bebida alcoólica envolvida nas brincadeiras, mas os organizadores informaram que menores de 18 anos não podiam beber e "só iria ingerir bebida quem quisesse".
Em Santa Maria, uma estudante quebrou um dos dedos do pé durante um trote da UFSM em 2004. Na época, a universidade abriu uma sindicância interna. Desde lá, passou a incentivar outros tipos de atividades, os chamados trotes solidários.
ENVIE PARA UM AMIGO
