Açúcar x adoçantes: o segredo é não exagerar no doce para evitar doenças

Brigadeiro, quindim, mil folhas, sonho, são alguns doces facilmente encontrados em padarias pelo Brasil todo, mas adoçar a vida muitas vezes pode significar perigo. O alto consumo de açúcar é prejudicial a saúde e, por isso, a Organização Mundial da Saúde indica que tenhamos 10% da ingestão calórica diária de açúcar. Isso significa que, em uma dieta de 2 mil calorias, o desejável seria consumir até 50 gramas de açúcar, considerando que o valor não contempla o açúcar natural dos alimentos.

- Uma simples latinha de refrigerante já contém 37 gramas da substância. Logo, ultrapassar a meta é fácil, fácil, o que eleva a propensão à cárie, diabetes, doenças cardíacas e, é claro, ganho de peso - alerta a fisiculturista Renata Spallicci.

Devido à paixão do brasileiro por doces, em 2017 o Brasil assumiu alguns compromissos com a OMS com a finalidade de frear o consumo de bebidas açucaradas e também reduzir o teor do ingrediente doce em alimentos industrializados. Essa é uma medida que preocupa todos os países, por isso cada vez mais aumenta a busca do adoçante perfeito. Afinal, seria perfeito usufruir do sabor adocicado sem se preocupar com calorias e uma lista de problemas de saúde.

Um estudo recente, publicado no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics constatou que, nos Estados Unidos, nos últimos dez anos, o consumo desses itens aumentou 200% entre crianças e 54% entre os adultos. Hoje eles são usados com regularidade por 25% dos pequenos e 41% das mulheres e dos homens americanos.

- Apesar de no Brasil não termos uma pesquisa semelhante, é só olhar ao nosso redor e observar as pessoas com quem convivemos para percebermos que estamos no mesmo ritmo. Até porque, vamos combinar: quem usa adoçante não coloca só uma gotinha, né? E tem mais. Mesmo sem sabermos, os adoçantes estão em vários produtos industrializados. Segundo um trabalho realizado no Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições, da Universidade de Santa Catarina, de 4.539 alimentos comercializados em um mercado de Florianópolis, 13% possuíam algum tipo de adoçante. E olha que desses 90% ainda levavam açúcar na composição - revela Renata.

Mas, ao mesmo tempo que ganham terreno, os adoçantes são vistos por muitos radicais como o verdadeiro veneno, enquanto um outro grupo defende que são mais aconselháveis e menos calóricos que os adoçantes naturais. A dúvida sobre os adoçantes serem ou nao saudáveis fica no ar. Em 2017, o jornal científico da Associação Médica Canadense publicou uma revisão de 37 estudos que identificou, por exemplo, uma possível associação entre adoçantes e um maior índice de massa corporal, o famoso IMC. Outro ponto que os estudiosos mencionam é que muitas vezes, ao investir em sucralose, estévia e outros, há quem se sinta mais tranquilo para abusar de alimentos calóricos. Esta não é a primeira vez que eles são apontados como facilitadores do ganho de gordura, mas especialistas afirmam que, por enquanto, tudo está no campo da teoria e não há estudos conclusivos sobre o fato.

Dose diária

Analisando esses dados e estudos, um comitê internacional estabeleceu as doses máximas de ingestão ideal para cada tipo de adoçante. Segundo declaração de uma marca famosa de adoçantes, uma pessoa de 60kg pode consumir 60 sachês de aspartame ao dia, por exemplo. No caso da sucralose, o limite para alguém de 70kg é de 500 gotas.

Embora seja necessário esforço para atingir os níveis arriscados, ninguém estimula o uso indiscriminado de adoçantes. Inclusive, se a pessoa estiver com o peso ideal e não exceder na ingestão de açúcar, nem teria motivo para só investir nesses produtos. Eles seriam um recurso mais válido para quem exagera no ingrediente doce e pessoas com diabetes.

- Além de maneirar na quantidade, cai bem promover um rodízio entre os tipos disponíveis, porque assim o risco de exagerar em um só acaba despencando. E cuidado com pegadinhas. Nunca use o adoçante como uma desculpa para exagerar nas calorias! Como tudo na vida, e na alimentação mais ainda, parcimônia e equilíbrio são fundamentais - conclui a fisiculturista.