Mato Grosso, 18 de Abril de 2024
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Após quase perder parte da visão, atacante escolhe o Vietnã para seguir passos do pai ex-São Paulo

18.05.2019
12:30
FONTE: Globo Esporte

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  • Ranchariense tem "DNA" de jogador — Foto: SHB Da Nang / Divulgação

    Ranchariense tem "DNA" de jogador — Foto: SHB Da Nang / Divulgação

O Vietnã está longe de ser um "país do futebol" como o Brasil, mas foi lá, a quase 18 mil km de sua cidade natal, Rancharia (no Oeste Paulista), que o atacante Patrick Bonifácio decidiu reconstruir o sonho de ser um profissional dos campos e dar sequência aos passos do pai, o ex-zagueiro Boni, que passou pelo São Paulo. A decisão de partir para tão longe para defender o time do SHB Da Nang na liga vietnamita veio depois de ter andado por muitos campos na vida e de se recuperar de um episódio ocorrido em maio de 2017, em que ele correu sérios riscos de perder parte da visão.

 

A equipe que Patrick defende no país asiático tem o nome da própria cidade, Da Nang. Com nove rodadas concluídas, o time está em oitavo lugar na primeira divisão, que é televisionada para diversos países da Ásia, ampliando ainda mais a visibilidade dos jogadores. Ao todo, 14 times disputam o certame.

 

Embora esteja enfrentando as dificuldades naturais inerentes a quem decide morar fora do Brasil, ainda mais em um país com uma cultura tão diferente, nada se compara ao que ele viveu há cerca de dois anos. Em mais uma tarde de treino, quando atuava pelo Grêmio Prudente, o atacante quase viu a carreira ser finalizada.

 

Patrick e um colega subiram para disputar a bola e, com o impacto, o atleta de Rancharia fraturou um dos ossos zigomáticos, que fica na face, ajuda a formar a órbita ocular e é popularmente conhecido como "osso da bochecha".

 

Foram sete dias internado, uma cirurgia e os médicos disseram ainda que existia um risco grande dele perder a visão em um dos olhos. Essa possibilidade preocupou demais a família e os amigos.

 

E essa força foi muito importante, porque Patrick ficou cinco meses em recuperação, sendo que em três deles o repouso era total. Ele não podia nem mastigar.

 

– A parte mais difícil foi essa, eu não podia comer e nem jogar. Batia a comida no liquidificador, vivia de suplementos. Perdi quase sete quilos, mas como disse, nunca desisti.

 

Nova chance

Passado o susto, um pouco do sentimento que toma conta atualmente de Patrick é o estranhamento. Morar no Vietnã tem sido uma grande aventura para o atacante.

 

– A gente estranha algumas coisas, cultura totalmente diferente. Porém algo que me chama bastante atenção é o trânsito. Muita moto e muita loucura. O cardápio para os estrangeiros é diferente, o que falta é feijão. Mas a comida é boa. Fora isso, tudo certo. Só com saudades da família mesmo.

 

E por falar em família, o presente de aniversário para o pai Edson Bonifácio, no último dia 8 de março, foi bem específico. O primeiro gol do filho no campeonato e o prêmio de melhor jogador em campo. Fora isso, ainda tem a moral com a torcida, que segundo Patrick, é muito atuante.

 

– Eles são apaixonados. No meu primeiro jogo, o público foi de 16 mil pessoas e, no segundo, sete mil, sendo que foi em uma quinta-feira, às 17h, dia e horário que não ajudam. Além disso, vira e mexe me reconhecem na rua, pedem pra tirar fotos, autógrafos. São bem fanáticos.

 

Porém, há alguns jogos o ranchariense não sente o calor da torcida. Depois de atuar em quatro partidas, ele machucou o ombro e se recupera de lesão. Até o momento, nas contas do jogador, foram três assistências e um gol marcado.

 

Itinerante

A história de persistência não é novidade para Patrick. Ele é um dos chamados "itinerantes do futebol" e o amor pelo esporte fez com que ele percorresse não só o Brasil em busca de vitórias. Com 13 anos, saiu de casa pela primeira vez e foi para o Audax-SP. Lá, em Osasco, ficou até os 19. Em 2013, foi emprestado para o Molde, time da Noruega, onde comenta que teve o prazer de ser treinado por Ole Gunnar Solskjaer, que atualmente é o comandante do Manchester United.

 

De volta ao Brasil, passou pelo Tombense, de Minas Gerais, onde foi campeão da Série D do Brasileiro, Audax, novamente, e, por fim, o Campos, do Rio de Janeiro, quando disputou a Série A do Carioca. Foi então que ele voltou para o interior paulista para jogar a Segunda Divisão (quarto patamar estadual) pelo Grêmio Prudente, e a fratura na face aconteceu.

 

Ainda na época em que estava em recuperação, o atleta recebeu um convite para se apresentar no Nacional, time da capital paulista, mas para isso teria que se preparar em duas semanas. Ele nem pensou duas vezes. Aceitou o desafio e mesmo sem estar no mesmo nível dos colegas de equipe, lutou para conseguir um espaço.

 

A passagem pela equipe da capital rendeu novos contatos e lá foi Patrick para o Busan, time da Coreia do Sul, em 2018, para depois regressar ao Brasil para jogar no Batatais.

 

Filho do ex-zagueiro Edson Bonifácio, o Boni, com passagens pelo São Paulo e seleção brasileira de juniores na década de 80, o ranchariense reúne forças para manter a tradição da família e, em 2019, foi para sua terceira passagem por um time internacional. Com toda essa vivência, Patrick é bem conciso quando questionado sobre o futuro.

 

– Meu sonho e expectativa é me consolidar no mercado asiático, fazer bons campeonatos e ficar aqui por muitos anos.

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