Mato Grosso, 24 de Abril de 2024
Politica

Conheça os tipos, sintomas e tratamentos da meningite

15.02.2018
13:44
FONTE: Isabela Dias

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    ilustração/internet

Considerada uma doença endêmica - isto é, cujos casos são esperados ao longo de todo ano com eventuais epidemias - no Brasil, a meningite tem recebido mais atenção da imprensa e da opinião pública em função da ocorrência de surtos no Rio Grande do Sul, principalmente, no último mês de julho. De acordo com dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado no início de agosto, os casos registrados, em 2015, da Doença Meningocócica (DM), um tipo grave de meningite bacteriana, superaram a média dos oito anos anteriores, alcançando um total de 14 óbitos. Entre as 60 ocorrências analisadas até o momento no Estado, a maioria (33) foi causada pelo sorogrupo C. 

 

Apesar dos picos registrados neste ano, o limite endêmico da doença não foi ultrapassado, o que poderia indicar uma suspeita de epidemia. Confira abaixo as respostas para algumas das dúvidas mais comuns sobre a meningite:

 

É bacteriana ou viral?

A meningite é caracterizada por um processo inflamatório das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinal, e pode ser causada por agentes infecciosos como bactérias, vírus, parasitas e fungos. Com maior incidência durante o verão, a meningite viral (ou asséptica), frequentemente causada pelo enterovírus, é mais comum em crianças e costuma evoluir rapidamente e sem complicações. "A meningite viral pode começar como um quadro gripal, o que vai diferenciar são sintomas mais específicos como cefaleia (dor de cabeça) nas crianças maiores e o estado geral nas crianças menores. O tratamento é apenas de suporte, não havendo necessidade de uso de antibióticos", garante a pediatra Flavia Oliviera, da clínica MedPrimus. 

 

Já a meningite bacteriana, é mais comum no inverno e a forma mais grave da doença, havendo a necessidade de internação hospitalar, tratamento com antibióticos e exames de controle. Entre as principais bactérias causadoras estão pneumococos, hemófilos e meningococo, que se divide em cinco tipos: A, C, W, Y ou B.  

 

Como se manifestam os sintomas?

Entre os principais sintomas estão febre alta abrupta, dor de cabeça intensa e contínua, vômito e náuseas, rigidez na nuca e dificuldade para dobrar o pescoço e encostar o queixo no peito. Pode haver também o aparecimento de manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Em crianças menores de um ano de idade, esses sintomas clássicos podem não se manifestar. Por isso, é importante ficar atento a um comportamento marcado pelo excesso de irritabilidade e inquietação, choro persistente, grito ao ser manipulada, recusa alimentar - acompanhada ou não de vômitos -, convulsões e identificar se a moleira está tensa ou elevada. 

 

Para confirmar o diagnóstico, é necessário realizar uma avaliação clínica do paciente e conduzir o exame do líquido cefalorraquidiano (liquor), que envolve o sistema nervoso, para identificar o tipo de agente infeccioso. "A distinção se faz, principalmente, pela analise do Liquor (LCR). O padrão das células, da proteína e do nível de glicose no LCR é bastante diferente nas meningites virais e bacterianas", explica a neurologista Silvana Frizzo, da clínica MedPrimus. Segundo informações da Sociedade Brasileira de Infectologia, o período de incubação - tempo decorrido entre a exposição a um agente patogênico e a manifestação dos primeiros sintomas da doença - da meningite bacteriana é de dois a dez dias, com média de três a quatro dias.

 

É contagiosa?

O modo de transmissão da meningite se dá através das vias respiratórias, por meio de gotículas e secreções do nariz e da garganta, ao tossir, por exemplo. Dessa forma, o contágio depende de um contato próximo entre as pessoas ou direto com as secreções, sendo comum entre indivíduos que moram na mesma casa. "As pessoas que vivem sob o mesmo teto devem receber profilaxia para meningite meningocócica se alguém naquela casa a desenvolveu", afirma o infectologista Jacyr Pasternak, do Hospital Israelita Albert Einstein.  

 

Outros ambientes favoráveis à disseminação  do vírus ou da bactéria são as creches, escolas, universidades e demais locais com grande concentração de pessoas. Embora a vacinação seja a principal forma de prevenção, é recomendável manter higiene e alimentação adequadas, além de ventilar os ambientes. "Nos bebês menores de três meses, evitar lugares aglomerados, principalmente, durante o outono e o inverno, é o ideal", indica Flavia Oliveira.  

 

Atinge mais as crianças?

"Embora a susceptibilidade seja geral, as crianças menores de cinco anos, principalmente, aquelas menores de um ano e adultos maiores de 60 anos constituem o principal grupo de risco", afirma Sivana Frizzo.   

 

Existem vacinas para todos os tipos da doença?

Atualmente, estão disponíveis no sistema público de saúde as seguintes vacinas que protegem contra a meningite:

 

Vacina contra Haemophilus b (Hib)

A vacina tetra é aplicada a partir dos dois meses de idade. São três doses com intervalo de dois meses entre elas e um reforço entre 15 e 18 meses. "Crianças com mais de cinco anos de idade, em geral, não necessitam tomar esta vacina. No entanto, adultos e crianças mais velhas com problemas de saúde especiais devem ser vacinados", aponta Silvana Frizzo.

 

Vacina meningocócica conjugada C

Protege contra a doença causada pela bactéria N. meningiditis, do sorogrupo C. É ministrada em duas doses, o mais precocemente possível, a partir de dois meses de idade, com intervalo de dois meses entre as doses e reforço aos 15 meses.

 

Vacina pneumocócica conjugada 10-valente

Protege contra doenças invasivas e outras infecções causadas pelo S. pneumoniae dos sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F. São apliacadas três doses a partir dos dois meses de idade, com intervalo de dois meses entre as doses e um reforço aos 15 meses.

 

Na rede privada:

 

Vacina meningocócica ACWY

É a vacina que protege contra mais sorotipos do meningococo e deve ser preferida para os reforços do segundo ano de vida, entre 12 e 15 meses, e para a vacinação de crianças maiores, adolescentes e adultos. Adolescentes não vacinados anteriormente devem receber duas doses com intervalo de cinco anos. Já os adultos devem receber uma dose e reforços apenas se houver risco epidemiológico, como surtos ou viagens para países endêmicos. "A importância desta vacina reside no fato de que muitos países, inclusive o nosso, vêm observando aumento na incidência de casos de doença meningocócica pelo sorotipo W. Além disso, em muitos países o risco de infecção pelos tipos A, W e Y é maior que no Brasil, de modo que esta vacina se torna excelente opção para viajantes", aponta Silvana Frizzo. O valor da dose está em torno de R$ 300,00.

 

Vacina pneumocócica conjugada 23-valente

Somente a partir dos dois anos de idade em dose única. Sob orientação médica, pode ser indicado apenas um reforço após os cinco anos. O valor da dose está em torno de R$80,00.

 

Vacina meningocócica B

Esta vacina foi licenciada no Brasil em maio de 2015. A SBIm (Sociedade Brasileira de Imunologia) recomenda a vacina meningocócica B aos três, cinco e sete meses, além de uma dose de reforço entre 12 e 23 meses de idade. Para crianças entre seis e 11 meses, o indicado são duas doses, também com dois meses de intervalo entre elas e um reforço no segundo ano de vida. Já para indivíduos entre um e 50 anos, são indicadas duas doses, com dois meses de intervalo, sem necessidade de reforço.

 

Pode deixar sequelas?

A gravidade da meningite depende do agente etiológico e também do tempo que demora para o tratamento ser iniciado, pois quando diagnosticada corretamente, pode evoluir sem maiores complicações. "Se não detectada precocemente, as meningites bacterianas podem levar ao delírio e ao coma. Caso aconteça o comprometimento do cérebro (encefálo), o paciente poderá apresentar também convulsões, paralisias, tremores, alteração na audição e na visão", alerta Silvana Frizzo. Como o diagnóstico rápido e o tratamento precoce minimizam o risco de sequelas, no caso de dúvida na definição do agente infeccioso, é indicada a introdução de antibioticoterapia.

 

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