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Delator diz que aceitou comandar 'setor de propinas' por aumento de salário, carro com motorista e passagens a

24.04.2017
15:17
FONTE: G1

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    O ex-coordenador do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht Hilberto Mascarenhas (Foto: Reprodução TV Globo)

O ex-coordenador do setor de Operações Estruturadas da Odebrecht Hilberto Mascarenhas da Silva Filho afirmou à Procuradoria Geral da República (PGR) que, após uma resistência inicial, aceitou o convite do empresário Marcelo Odebrecht para comandar o "departamento de propinas" da construtora, em 2006, influenciado por vantagens financeiras e benefícios oferecidos pela empresa para ele assumir o posto.

 

Segundo o baiano Hilberto Mascarenhas, o pacote apresentado pelo então presidente da empreiteira para que ele comandasse as "Operações Estruturadas" incluía aumento salarial, apartamento em São Paulo com despesas pagas pela construtora, carro com motorista e passagens aéreas para ir todos os finais de semana para Salvador, cidade na qual vivia a família do delator.

 

Mascarenhas fechou acordo de delação premiada com a Lava Jato, ao lado de outros 77 executivos e ex-dirigentes da empreiteira, em troca de redução de uma eventual pena. O chamado "departamento de propinas" da Odebrecht, de acordo com o próprio ex-coordenador do setor, movimentou cerca de US$ 3,370 bilhões (R$ 10,6 bilhões) entre 2006 e 2014, período em que ele esteve à frente da área de Operações Estruturadas.

 

O delator contou aos procuradores da República que, na ocasião em que Marcelo Odebrecht o convidou para assumir a função, ele trabalhava na tesouraria da empresa e "relutou" para aceitar o convite por causa da "exposição" e do "risco" do cargo.

 

"Depois de alguma insistência por parte dele [Marcelo Odebrecht], aceitei a proposta, principalmente pela remuneração e pelos benefícios que passaria a ter, tais como carro com motorista, apartamento em São Paulo para trabalho e passagem de volta a Salvador nos finais de semana, onde residia minha família", diz Mascarenhas em documento entregue ao Ministério Público.

 

'Geladeira'

O delator também conta que outro motivo determinante para ter aceitado o cargo foi o receio de ser colocado na "geladeira" da Odebrecht com a possibilidade de ser demitido tempos depois de ter rejeitado a função.

 

"No início, não aceitei o convite para coordenar esta área, porém Marcelo insistiu muito, dizendo que meu nome já havia sido aprovado por Emílio Odebrecht [...] Acabei aceitando o cargo, uma vez que houve um aumento significativo de benefícios e remunerações, bem como sabia que se não aceitasse seria colocado na 'geladeira', ou seja, ficaria 'escanteado', sem função específica e, depois de um tempo, seria demitido", relatou Mascarenhas.

 

Depois de ter aceitado o convite, o delator explica que montou a equipe que trabalharia no setor e que seria subordinada a Marcelo Odebrecht.

 

"No segundo semestre de 2006, Marcelo Odebrecht, ainda como presidente da Construtora, tinha um plano de crescimento arrojado para a organização com o consequente aumento significativo do volume de propina que a Odebrecht pagava até então", declarou Mascarenhas.

 

Mascarenhas informou ainda que, antes mesmo de o "departamento de propinas" passar a existir, em 2006, já havia um setor na empresa com essa função.

 

"Os pagamentos realizados aconteciam em menor proporção e eram feitos através de doleiros, US$ 60/70 milhões por ano. Me recordo que, no início, esta área era conduzida por Benedito Dourado da Luz, hoje aposentado e com Alzheimer. Posteriormente, quem ficou no comando foi Antonio Ferreira da Silva Neto, com o apoio de Maria Lúcia Tavares", explicou o delator.

 

Forma dos pagamentos

Em depoimento ao MP, o responsável pelo departamento de propina explica que os pagamentos, para brasileiros ou estrangeiros de vários países onde a Odebrecht tinha obras, era quase todo feito via offshores, empresas que são criadas em paraísos fiscais apenas pra essas operações financeiras.

 

Outra parte, menor, era feita em espécie, com a entrega de pacotes ou malas de dinheiro em locais combinados entre funcionários da empresa e intermediários dos políticos. Com o crescimento do volume de pagamentos, foi preciso contratar um funcionário só para administrar os valores.

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