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Ex-governador diz à CPI que dinheiro pago a prefeito de Cuiabá era propina: 'não existia dívida de campanha'

23.02.2018
17:14
FONTE: G1 MT/Lidiane Moraes

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  • Silval Barbosa (MDB) prestou depoimento à CPI do Paletó nesta sexta-feira (23) (Foto: Tiago Terciotty/TVCA)

    Silval Barbosa (MDB) prestou depoimento à CPI do Paletó nesta sexta-feira (23) (Foto: Tiago Terciotty/TVCA)

O ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (MDB) afirmou, nesta sexta-feira (23), que pagou propina ao prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), como parte de um acordo para aprovação de obras e projetos da Copa do Mundo de 2014, MT Integrado e outros programas do governo.

 

As declarações foram feitas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a conduta do prefeito na Câmara de Vereadores da capital, que ganhou o nome de CPI do Paletó. Pinheiro nega que o dinheiro seja de propina.

 

Emanuel é um dos políticos que aparece em um vídeo entregue por Silval à Procuradoria Geral da República (PGR), como prova de um esquema de corrupção durante a gestão dele como governador de Mato Grosso, em acordo de delação. O acordo foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado.

 

Segundo a defesa do prefeito, Emanuel recebeu o dinheiro em nome do irmão dele, que é empresário, a quem o ex-governador estaria devendo após as eleições. Silval afirmou, porém, que apesar de ter pago dívidas de campanha em 2014 e 2015, os valores recebidos por Emanuel, que à época era deputado estadual, não eram relacionados a esse assunto.

 

De acordo com Silval, quando começaram a ser liberados os recursos para obras de programas do governo, em especial, as obras da Copa de 2014, os deputados fizeram uma reunião de colegiado para decidir de que forma poderiam extorquir dinheiro do governo, recebendo dinheiro em troca da aprovação dos projetos e liberação dos recursos.

 

"Depois de muita insistência por parte dos deputados, cedi à pressão e concordei com o pagamento de R$ 600 mil para cada um, dividido em 12 parcelas", afirmou o ex-governador.

 

No entanto, Silval relatou que, em alguns momentos, os pagamentos atrasaram e os deputados iam até o Palácio Paiaguás para cobrá-lo.

 

“Eu recebi vários deputados em meu gabinete e, muitas vezes, o assunto era a cobrança do pagamento que estava atrasado. Inclusive, recebi várias vezes o [então] deputado Emanuel Pinheiro”, disse.

 

CPI do Paletó

A CPI foi aberta depois que Pinheiro apareceu em um vídeo recebendo dinheiro, supostamente de propina, das mãos do ex-chefe de gabinete de Silval, Sílvio César Corrêa, que já prestou depoimento aos membros da comissão, na semana passada. Na oitiva, ele disse que o dinheiro era a título de propina.

 

Nas imagens, o prefeito, que à época era deputado estadual, aparece recebendo maços de dinheiro e os colocando nos bolsos do paletó. Um dos maços chega a cair no chão, e Pinheiro se abaixa para pegar.

 

Esquema de propina

Silval Barbosa foi preso em 2015 pela Operação Sodoma e é suspeito de chefiar uma organização criminosa que cobrava propina de empresas em troca de incentivos fiscais. Em junho, Barbosa começou a cumprir prisão domiciliar e é monitorado por tornozeleira eletrônica. Depois disso, ele firmou acordo de delação e apresentou uma série de provas dos crimes ocorridos na gestão dele.

 

Segundo ele, políticos, conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e empresários receberam parte do dinheiro desviado das obras de infraestrutura. A maioria das fraudes ocorreu por meio do programa MT Integrado, lançado em 2013 no governo de Silval.

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