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Economia / Agronegócio

No Parlamento Europeu, Zuckerberg nega que Facebook seja monopólio e que tenha 'preconceito político'

22.05.2018
14:23
FONTE: G1

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    Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook, presta esclarecimento perante o Parlamento Europeu. (Foto: France Presse)

Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook, enfrentou nesta terça-feira (22) perguntas duras de parlamentares europeus sobre como a rede social protege as informações de seus usuários e qual é seu impacto sobre processos eleitorais.

 

O executivo teve de lidar ainda com questões sobre:

 

a suspeita de o Facebook ser um monopólio, já que não possui competidores e também é dono de grandes plataformas conectadas como Instagram e WhatsApp.

os planos da empresa para cumprir as novas regras de proteção de dados da União Europeia;

se há a intenção de recompensar financeiramente os 2,7 milhões de europeus que tiverem dados explorados;

conteúdos que promovem terrorismo e discurso de ódio;

ou se o Facebook possui preconceito político contra alguns conteúdos, como os de teor conservador.

 

A ida do CEO ao Parlamento Europeu ocorre na esteira do uso indevido pela Cambridge Analytica dos dados pessoais de 87 milhões de usuários do Facebook, escândalo que levou o executivo ao Congresso dos Estados para prestar esclarecimentos por mais de 10 horas. Essas informações foram usadas para abastecer um sistema capaz de antecipar o posicionamento eleitoral durante a campanha de Donald Trump à presidente dos EUA.

 

“Sempre haverá gente querendo usar esses dados com propósitos fraudulentos”, afirmou Antonio Tajani, presidente do parlamento, na abertura do encontra. “A democracia nunca deveria se tornar uma operação encoberta.”

Ele acrescentou ainda: “Não queremos o fim das redes sociais, mas queremos que elas garantam privacidade e segurança”, completou Tajani.

 

Por quase uma hora, os parlamentares europeus dispararam perguntas muito mais difíceis do que as feitas por senadores e deputados norte-americanos, que, entre outros tópicos, chegaram a questionar qual é a fonte dos lucros do Facebook.

 

Mais desculpas

Zuckerberg começou seu discurso seguindo à risca a cartilha adotada diante dos norte-americanos: pediu desculpas pelo descuido do Facebook ao limitar acesso de terceiros aos dados de usuários e listou as atitudes que a rede social tomou depois da revelação do incidente com a Cambridge Analytica.

 

“Também se tornou claro nos dois últimos anos que nós não fizemos o suficiente para evitar que ferramentas construídas por nós fossem usadas para fazer o mal, e isso inclui notícias falsas, interferências externa em eleições e pessoas usando dados de forma indevida”, afirmou. “Isso foi um erro e eu sinto muito.”

 

Veja abaixo alguns dos pontos discutidos por Zuckerberg:

 

Preconceito político

Alguns deputados instigaram Zuckerberg a esclarecer qual é o direcionamento político do Facebook e se a rede social exclui ou esconde conteúdos que tenham um posicionamento contrário. Um dos parlamentares a perguntar isso foi o conservador Nigel Farage, que liderou o movimento pela saída do Reino Unido da União Europeia. “Eu me sinto discriminado. Quem decide o que é aceitável?”, perguntou.

 

“As pessoas podem vir aos nossos serviços e compartilhar qualquer ideia de qualquer espectro político”, rebateu Zuckerberg. “Nós nunca decidiríamos qual conteúdo é permitido ou faríamos um ranqueamento com base na orientação política.”

 

Monopólio

O deputado Guy Verhofstadt, da Bélgica, perguntou se Zuckerberg se comprometeria a abrir as informações financeiras do Facebook para que as autoridades antitruste europeias pudessem averiguar se a rede social é ou não um monopólio. Para Zuckerberg, o Facebook não é um negócio monopolista. “Nós existimos em um segmento muito competitivo”, afirmou. “Uma pessoa usa no mínimo oito aplicativos para se comunicar.”

 

Do ponto de vista do negócio, afirmou o executivo, a empresa possui apenas uma fração do mercado publicitário. Por outro lado, ele acrescentou que a plataforma incentiva muitos pequenos negócios.

 

Verhofstadt chegou ainda a comparar Mark Zuckerberg ao protagonista do livro “O Círculo”, de Dave Eggars, que narra a construção de uma companhia superpoderosa capaz de monitorar todos os cidadãos em suas mínimas interações com o mundo.

 

“Eu realmente acho que temos um grande problema aqui. Você deveria se perguntar a si mesmo como será lembrado: como um dos três grandes gigantes da internet, com [Steve] Jobs [fundador da Apple] e [Bill] Gates [fundador da Microsoft], ou como um monstro da internet?.”

 

Eleições

Zuckerberg admitiu que o Facebook foi descuidado durante as eleições nos últimos anos. A rede social, diz, estava concentrada em impedir ataques cibernéticas. Depois das revelações do que ocorreu nas campanhas de Trump e do Brexit, o Facebook promoveu algumas mudanças, como mostrar quem está pagando por um anúncio político.

 

"Nossa prioridade, como companhia, é impedir que qualquer um consiga interferir em uma eleição como os russos fizeram na corrida eleitoral dos Estados Unidos em 2016", afirmou. "Nos próximos 18 meses, há importantes eleições, como para o Parlamento Europeu, Brasil e Índia."

 

Conteúdo impróprio

Zuckerberg afirmou que “discurso de ódio, bullying ou conteúdo com violência não tem lugar no Facebook”. Ele afirmou ainda que a rede social usa sistemas de inteligência artificial para identificar posts de grupos terroristas, como Al Qaeda e Estado Islâmico.

 

“Além disso, nós estamos proativamente revemos a maioria dos conteúdos que são flagrados como impróprios.”

 

Proteção de dados

Apesar de mais combativos, os congressistas europeus têm pouco poder. Muitas das diretrizes votadas por eles têm de ser reguladas por uma lei nacional para entrar em vigor. Ainda assim, o bloco europeu é tradicionalmente mais duro com empresas que lidam com informações pessoais.

 

Tanto é que começa a valer a partir desta sexta-feira (25), o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), a regra mais dura para proteger dados sensíveis já implantada no continente desde a criação da internet.

 

Antes mesmo de ser bombardeado com uma das grandes questões da sabatina, Zuckerberg se antecipou e afirmou que a rede social já estava preparada para cumprir as determinações do GDPR. O executivo afirmou que todos os usuários da rede social terão acesso às mudanças, como a que permite limpar o histórico do que é feito no site.

 

O escândalo do Facebook

Em 17 de março, os jornais "New York Times" e "Guardian" revelaram que os dados de mais de 50 milhões de usuários do Facebook foram usados sem o consentimento deles pela Cambridge Analytica. Dias depois, o próprio Facebook retificou a informação e passou a estimar em 87 milhões o número de pessoas atingidas.

 

A empresa britânica de análise política acessou o grande volume de dados pessoais após um teste psicológico, que circulou na rede social anos atrás, coletar informações. Os dados recolhidos não eram só os das pessoas que toparam fazer o teste. Havia também informações de milhões dos amigos delas.

 

Para ter a acesso ao gigante estoque de dados, o teste não precisou usar hackers ou explorar brechas de segurança. Apenas aproveitou que, na época, o Facebook dava a liberdade para seus usuários autorizarem o acesso aos dados de seus amigos. O passo seguinte, no entanto, estava fora do raio de atuação do Facebook: após a coleta dos dados, o desenvolvedor do teste os compartilhou com a Cambridge Analytica.

 

O escândalo deflagrou uma onda de ceticismo sobre como o Facebook protege os dados de indivíduos que estão presentes em seu site. A rede social passou a investigar o caso e já implementou algumas modificações, como:

 

criou um atalho para usuários alterarem de forma mais simples suas configurações de privacidade;

esmiuçou a política de dados e os termos de serviço, para incluir formas de coleta de informação até então ausentes, detalhar algumas práticas e ampliar essas regras para Instagram e Messenger;

endureceu as normas de veiculação de campanhas políticas, para passar a exigir a identidade dos anunciantes;

restringiu o uso de dados de usuários por aplicativos que não sejam usados por três meses pelas pessoas.

Desde então, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, reconheceu que a empresa cometeu erros e que não fez o suficiente para evitar que a rede social fosse usada para causar danos.

 

No Brasil, o Ministério Público do Distrito Federal abriu um inquérito para apurar se o Facebook compartilhou dados de usuários brasileiros com a Cambridge Analytica –segundo a rede social, os dados de 443 mil brasileiros podem ter sido comprometidos pela Cambridge Analytica.

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