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Politica

Parto: 9 métodos para dilatar naturalmente

23.01.2018
08:38
FONTE: Malu Echeverria

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    (Foto: Bruno Marçal/Editora Globo)

"Dançando ‘Despacito’ para ver se chega aos dez centímetros.” Foi o que escreveu a técnica de enfermagem baiana Evellyn Costa, 23 anos, na legenda do vídeo que postou no Facebook durante seu trabalho de parto em julho do ano passado. De touca cirúrgica, camisola e sonda de soro no braço, ela e outra gestante que conheceu na maternidade José Maria de Magalhães Neto, em Salvador (BA), dançaram uma coreografia ao som do hit latino com seus barrigões. Evellyn começou a sentir contrações na 35a semana e, como o bebê ainda não estava a termo, teve de aguardar no hospital. “Foram dez dias no total. Eu dançava para aliviar a dor e porque sabia que ajudava na dilatação. Toda vez que dançava, ganhava mais um centímetro”, recorda-se. A bebê Nicole, hoje com 6 meses, nasceu de parto normal e, apesar de antes da hora, saudável. Em cinco meses, o vídeo já havia atingido 1 milhão de visualizações e inspirou outras mães a fazerem o mesmo – é só dar uma busca na internet para ver outros registros de mães dançando na maternidade, acompanhadas até mesmo de médicos e enfermeiras.

 

A dilatação a qual Evellyn se referiu nada mais é do que o alargamento do colo do útero a fim de permitir a passagem do bebê. Ela começa com um centímetro no início do trabalho de parto, de modo geral, e chega a 10 cm na fase de expulsão. Ao contrário do que muitas mulheres acreditam, todas as gestantes dilatam. O que acontece é que, para algumas, o processo pode levar oito horas (tempo médio do trabalho de parto para as mães que estão dando à luz pela primeira vez), enquanto, para outras, até mesmo dias. Isso não é, portanto, uma indicação para cesárea. E as duas situações são consideradas normais. “Não existe uma regra. Mas, normalmente, na fase ativa do parto (isto é, a partir de 5 cm de dilatação), o colo tende a dilatar 1 cm por hora, em média”, explica o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli, colunista da CRESCER.

 

Um estudo recente feito na Itália com 328 mulheres pela Universidade de Milão, por exemplo, reforçou que a duração da dilatação ao longo do trabalho de parto é impossível mesmo de prever. No entanto, alguns mecanismos naturais podem dar uma mãozinha para agilizá-lo. Caminhadas, relações sexuais e certos tipos de comidas estão entre eles. Ficou animada? Só uma ressalva. “A recomendação é que elas sejam aplicadas a partir da 37a semana (quando o bebê já está pronto!) para evitar o parto prematuro”, destaca a personal gestante Gizele Monteiro, idealizadora do programa Gravidez em Forma. Confira a seguir e… boa hora!

 

Relações sexuais

O sexo, aqui, pode ser benéfico por três razões. A primeira é por causa da ação de uma substância encontrada no sêmen chamada prostaglandina. Ao entrar em contato com o colo do útero, ela ajuda a afiná-lo – mas não se preocupe, não há risco em transar ao longo da gravidez, pois essa substância só vai desencadear o trabalho de parto se o colo já estiver “maduro” o suficiente. Além disso, os orgasmos favorecem a contração uterina (e, por consequência, a dilatação) e promovem o relaxamento por meio da liberação da ocitocina, hormônio conhecido por “comandar” o trabalho de parto.

 

Tâmaras

Uma pesquisa realizada com 114 mulheres pela Universidade de Ciência e Tecnologia da Jordânia mostrou que o consumo dessa fruta é excelente para as grávidas. No estudo, elas foram divididas em dois grupos: um deles foi incentivado a comer seis tâmaras ao dia durante as quatro semanas anteriores à data prevista para o parto, enquanto o outro não ingeriu a fruta no mesmo período. As mulheres do primeiro grupo apresentaram maior índice de dilatação (aproximadamente 3,52 cm) ao dar entrada no hospital em comparação às do segundo (2,02 cm). Outro dado relevante do estudo foi em relação ao uso de medicamentos para indução do parto, que no grupo das que comeram tâmaras ocorreu em apenas 28% dos casos (contra 47% do outro grupo). Na Jordânia, a tâmara é encontrada com facilidade. Por aqui, você talvez terá de pesquisar em lojas de produtos naturais. Vale o esforço!

 

Alimentos “quentes”

Comidas apimentadas, assim como gengibre e canela, são conhecidas por acelerar o parto. Na verdade, não existe comprovação científica a respeito, segundo a nutricionista Luciana da Costa, da Maternidade Santa Joana (SP). “Esses alimentos têm efeito termogênico, isto é, aceleram o metabolismo. Por consequência, as pessoas tendem a acreditar que podem estimular as contrações uterinas”, diz. Ainda assim, muitas mães garantem que funciona. E, se você já está habituada a consumi-los, tudo bem fazer o teste. Até um grama de gengibre por dia está liberado, de acordo com a recomendação oficial da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), em chás ou para temperar alimentos. Já a pimenta, por acentuar os quadros de hemorroida e azia, vai depender de cada caso. Mas antes de consumir qualquer um desses condimentos, converse antes com o seu obstetra, OK?

 

Foi o que fez a jornalista Ivy Garcia, 35, que adotou o chá de gengibre. “Tomava até um litro por dia, nas duas últimas semanas de gestação, com o aval do meu médico”, recorda a mãe de João, 1 ano e 8 meses. Paralelamente, ela também era adepta de longas caminhadas. “Na 39a, entrei em trabalho de parto. Cheguei ao hospital já com 7 cm de dilatação e tive um parto normal tranquilo, como desejava”, comemora Ivy, que está grávida novamente, de 35 semanas, e espera repetir a experiência.

 

Caminhadas

Quem nunca ouviu falar que a mãe ou a amiga percorreu os corredores da maternidade durante o trabalho de parto? A dica é antiga mesmo. E por ser fácil e eficiente, continua em voga. A explicação é simples. As atividades físicas, de modo geral, ajudam a relaxar porque promovem a liberação de endorfinas no organismo (substâncias relacionadas ao bem-estar). Mas a movimentação também faz com que a cabeça do bebê pressione o colo uterino – o que auxiliaria no encaixe, no afinamento (do colo) e, por fim, na descida da criança por ali. É por isso que alguns médicos também recomendam às gestantes na reta final que façam uma boa arrumação em casa, tanto para ocupar o corpo quanto a cabeça.

 

Estimulação dos mamilos

Massagear as aréolas dos seios ou aplicar beliscões (suaves, claro) na região podem incentivar as contrações uterinas. Isso porque esse tipo de estímulo, quando feito de forma intensa e por, no mínimo, uma hora, promove a liberação da ocitocina – hormônio que está relacionado não apenas ao trabalho de parto, como também à amamentação e ao vínculo entre mãe e bebê. No entanto, geralmente, os especialistas preferem que o procedimento seja realizado já na maternidade para ser aplicado sem riscos à grávida.

 

Exercícios com bola suíça

Para relaxar a lombar e alongar o assoalho pélvico (períneo), a personal gestante Gizele costuma indicar atividades com a bola suíça, aquela usada no pilates, a suas pacientes. Vale tanto rebolar sobre ela quanto fazer alongamentos usando-a como apoio. “Quando liberamos a tensão dos músculos dessa região, melhoramos a circulação sanguínea e os impulsos nervosos por consequência, o que favorece o trabalho de parto de maneira geral”, diz a especialista. Por causa dessa versatilidade, o acessório é encontrado com facilidade nas maternidades (públicas e privadas) que incentivam o parto humanizado. A engenheira Natalia Nagliati, 31, comprou a sua durante a gravidez. “Como eu queria fazer um parto natural e o plano era ficar o máximo de tempo possível em casa antes de ir à maternidade, sabia que iria usá-la bastante”, afirma a mãe. E foi exatamente o que aconteceu. “No dia em que completei 40 semanas, perdi meu tampão mucoso. Senti algumas cólicas, mas nenhuma contração regular. Elas só começaram na madrugada seguinte”, recorda-se. Natália, então, adotou algumas medidas para aliviar as dores, como compressas quentes na lombar, e fez os exercícios com a bola. Por volta das 16 horas, a obstetriz que a acompanhou no pré-natal fez o exame de toque: 7 cm. Na sequência, ela foi para o hospital com o marido e a doula – a filha Giovanna, hoje com 1 ano e 8 meses, nasceu cinco horas depois. 

 

Massagens

O toque pode ser um aliado poderoso durante toda a gravidez, e mais ainda no trabalho de parto. Isso porque as fibras nervosas presentes na pele carregam os impulsos nervosos gerados por meio desse contato até o cérebro, aliviando dores e tensões. Para potencializar o efeito da massagem, peça ao seu acompanhante que faça movimentos circulares com uma bola de tênis nas costas (ombro e lombar) e algum óleo essencial com aromas que remetam a momentos especiais.

 

Acolhimento

Você leu corretamente. As emoções interferem no processo de dilatação, para o bem e para o mal. “A maioria das mulheres é capaz de dar à luz sozinha, desde que em ambiente acolhedor e seguro, cercada de pessoas que reforcem sua capacidade de parir”, afirma a doula Daniela Andretto, da Casa Moara (SP). Segundo a especialista, do contrário, os hormônios podem brigar entre si. “Com medo, em vez de endorfina, o organismo vai liberar substâncias que deixam as grávidas alertas, como a adrenalina”, explica. Sendo assim, nessa fase, o mais importante é a gestante estar confiante em si e em quem escolheu para acompanhá-la nesse momento, seja a equipe médica ou a família.

 

Banho quente

O medo e a dor podem contrair a musculatura e dificultar a evolução do parto. Nesse contexto, outra medida eficaz e barata usada nas maternidades são os banhos quentes. As duchas e as imersões em água morna agem na dilatação dos vasos sanguíneos e, assim, melhoram a oxigenação e a circulação – isso sem contar, é claro, que dão um alívio imenso para a grávida entre uma contração e outra.

 

Vai rolar mesmo?

Sempre é bom avisar: pode ser que, de fato, nenhuma das alternativas funcione para você. Até porque a medicina ainda não sabe exatamente o que desencadeia o trabalho de parto. Há hipóteses que o relacionam a hormônios ligados ao envelhecimento da placenta, outras a substâncias produzidas pelo pulmão do bebê. A gestora de recursos humanos Débora Pardo, 33, por exemplo, seguiu várias recomendações para fazer um parto natural como sempre sonhou. “Fiz tudo o que meu obstetra, minha fisioterapeuta e as amigas mães ensinaram, especialmente nas últimas semanas: caminhadas, exercícios físicos, relações sexuais e comi alimentos apimentados, tâmaras e gengibre. Com 40 semanas e três dias, optamos por induzir o parto. Foram 12 horas na maternidade e nada. Por fim, descobrimos que uma circular dupla de cordão (ou seja, quando o cordão umbilical se enrosca no bebê) estava impedindo meu filho de descer pelo canal de parto”, conta a mãe de Miguel, 3 meses.

 

Débora dilatou, mas como o trabalho de parto não evoluía e um exame de cardiotocografia (que avalia o bem-estar do bebê) mostrou que o bebê estava em sofrimento fetal, ela e o obstetra optaram por uma cirurgia. “Mesmo assim, sei que foi primordial passar pelo trabalho de parto, para mim e para o meu filho”, completa, referindo-se ao papel da liberação do hormônio ocitocina. Como Débora, você pode, sim, fazer a sua parte. Mas é o bebê quem decide quando vai nascer.

 

Quando induzir

Se o trabalho de parto não ocorre voluntariamente, pode ser necessário induzi-lo com a ajuda de medicamentos, já na maternidade. Mas qual o momento certo? Uma pesquisa feita com aproximadamente 80 mil mulheres acima de 35 anos, pela Universidade de Manchester (Inglaterra), sugere que não é preciso aguardar além da 40a semana. De acordo com o estudo, quando o parto é induzido no dia da data prevista, o risco de morte fetal cai em 66%. De modo geral, segundo a ginecologista e obstetra Mariana Conforto, da Perinatal (RJ), cada país tem o seu protocolo de saúde em relação ao parto, que varia conforme sua realidade populacional. Na Inglaterra, a indicação é que o mesmo seja induzido, se não ocorre voluntariamente, somente a partir da 42a semana. Por aqui, o mais comum é a indicação do procedimento por volta da 41a semana. “O momento e como será induzido, no entanto, não deve ser generalizado, uma vez que cada paciente tem suas particularidades”, explica. A indução medicamentosa também pode ser considerada quando for necessário antecipar o nascimento, como acontece quando a mãe tem diabetes ou hipertensão descontrolada, por exemplo.

 

3 sinais de que você está em trabalho de parto

Contrações regulares

Elas podem surgir por volta da 36a semana, com um intervalo de algumas horas. Ao contrário das contrações de treinamento, que acontecem desde o segundo trimestre, são ritmadas e doloridas (como se fosse uma cólica renal, que começa nas costas e “segue” para o ventre). A tendência é que o intervalo entre elas diminua e você só estará mesmo em trabalho de parto efetivo quando tiver três contrações (que duram cerca de 30 segundos) a cada dez minutos.

 

Perda do tampão

Dois ou três dias antes do parto, você pode notar uma secreção viscosa, acompanhada de um pouco de sangue, na calcinha. Não se assuste! Trata-se do tampão mucoso, que, como diz o nome, é uma substância gelatinosa que cobre o colo do útero e funciona como uma barreira contra micro-organismos.

 

Rotura da bolsa d’água

Dentro do útero, você sabe, o bebê está envolto por uma membrana cheia de líquido amniótico – ambos têm a função de protegê-lo. À medida que o parto se aproxima, ela tende a romper. Pode acontecer até 24 horas antes ou somente durante o trabalho de parto ativo. Mas há também bebês que nascem ainda envoltos na bolsa, o que é chamado de parto empelicado. Se notar que está perdendo líquido, portanto, a recomendação é ir para a maternidade.

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