Mato Grosso, 20 de Abril de 2024
Politica

Por que as mulheres estão mais vulneráveis a desenvolver trombose

16.10.2017
09:19
FONTE: Raquel Drehmer

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O dia 13 de outubro é Dia Mundial da Trombose, e este é um assunto que diz muito respeito a nós, mulheres. Estudos feitos em todas as partes do mundo ano após ano indicam que o sexo feminino é mais vulnerável ao desenvolvimento da doença. O motivo é hormonal.

 

“O estrogênio e a progesterona, hormônios femininos, são mais trombofílicos que a testosterona, o hormônio masculino. Só isso já seria motivo para a incidência ser maior nas mulheres. Mas há também o uso de pílulas anticoncepcionais que aumentam ainda mais o risco de ter trombose nas mulheres”, afirma Carlos Peixoto, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ).

 

Ele explica que as pílulas anticoncepcionais atuais, chamadas de terceira e quarta geração, aumentam em até 150 vezes o risco de desenvolvimento de trombose, contra um risco aumentado em 8 vezes das pílulas anticoncepcionais de primeira e segunda geração. “As pílulas modernas são altamente eficazes na prevenção da gravidez e de outras condições de saúde, como a endometriose, mas apresentam este efeito colateral indesejado em relação à trombose”, diz.

 

Parte da solução para diminuir o risco de trombose, portanto, está no uso do método contraceptivo ideal com análise médica. Anticoncepcionais não hormonais, como o DIU de cobre, podem ser adotados nesse sentido.

 

O problema é que muitas mulheres tomam pílula anticoncepcional sem passar por uma consulta com um ginecologista, e não são raros os casos de médicos que receitam as pílulas sem fazer exames físicos e clínicos em suas pacientes para checar se elas têm um risco maior de desenvolvimento de trombose. Pode já ter acontecido com você ou com alguma amiga sua. Lembre-se: a automedicação nunca é uma boa ideia, e se você não sentir firmeza no ginecologista quando ele receitar uma pílula, procure outro médico.

 

E o que é exatamente a trombose?

Trombose é a formação de um ou mais coágulos na circulação sanguínea. A mais comum entre as pessoas abaixo de 60 anos é a trombose venosa, que se forma nas veias, especialmente das pernas e da pélvis. A trombose arterial é mais frequente entre pessoas com mais de 60 anos de idade.

 

“Os coágulos sanguíneos causam uma obstrução do vaso. O sangue, que deveria retornar, encontra dificuldade e a perna incha”, explica Ivanésio Merlo, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV). “A trombose pode ser dolorosa, quando ocorre em veias musculares, como as da panturrilha, ou não, quando surge em veias tronculares. Neste último caso, é até mais perigosa, porque a pessoa só desconfiará que está com trombose se reparar no inchaço causado pela doença. A dor normalmente faz com que os pacientes procurem ajuda médica mais rapidamente”, complementa.

 

Trombose x embolia pulmonar

A embolia pulmonar é uma das consequências mais sérias da trombose venosa e pode levar à morte. Acontece assim: o coágulo “escapa” da perna e vai parar no pulmão. Chegando lá, bloqueia a circulação sanguínea local e causa falta de ar, tosse e dor no peito. “O coágulo para no pulmão porque é a via final da circulação venosa. O pulmão é ‘a última estação’”, esclarece Carlos.

 

Se a embolia pulmonar for tratada rapidamente, é possível contorná-la com medicamentos anticoagulantes e procedimentos específicos. Por isso, ir a um pronto-socorro assim que sentir os sintomas é muito importante.

 

Estilo de vida também aumenta o risco de trombose

Além dos hormônios, o estilo de vida pode interferir no risco de trombose. “A comorbidade aumenta se a pessoa for fumante, obesa ou tiver diabetes”, conta Ivanésio.

 

Os componentes do cigarro afetam a circulação do sangue e facilitam a coagulação. Na obesidade, o excesso de peso e a gordura acumulada geram uma pressão maior sobre as veias, o que dificulta a circulação da pélvis e das pernas. Já os pacientes com diabetes têm uma propensão maior à trombose porque a doença causa alterações na microcirculação que resultam na dificuldade de produção de substâncias antitrombogênicas.

Outros fatores que contribuem para o desenvolvimento de uma trombose são: ficar sentado por muito tempo (dirigindo ou em uma viagem longa de avião, por exemplo), passar muito tempo deitado ou em repouso (mesmo em internações hospitalares), questões hereditárias (se alguém da família próxima já teve trombose, há um risco maior de você ter) e já ter tido trombose antes (ela pode se tornar crônica).

 

Como prevenir a trombose

Existem várias formas muito simples de prevenir a trombose.

 

No caso das pílulas anticoncepcionais, como colocado lá em cima, é imprescindível não tomá-las indiscriminadamente e sem indicação médica.

 

Nas situações descritas aqui no item anterior, basta não fumar, praticar pelo menos uma caminhada frequentemente e manter o diabetes controlado. Quando fizer uma viagem longa de avião, levante-se a cada duas horas e caminhe no corredor. Se for dirigir por longas horas, use meias de compressão.

 

E já sabe: percebeu que uma das pernas está inchada (a trombose costuma ser unilateral), dolorida ou não, e um pouco vermelha, vá ao pronto-socorro ou passe por uma consulta com um angiologista.

 

A trombose é diagnosticada com uma análise física ou por meio de exames. Os mais comuns são o ultrassom, que identifica locais com coagulação de sangue, exame de sangue, para verificar na corrente sanguínea elementos que facilitem a coagulação, e venografia, que é um exame de contraste. Em casos que caminhem para embolia pulmonar, podem ser pedidos tanto uma tomografia quanto um exame de ressonância magnética.

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