Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
Politica

Racismo: como falar sobre isso com as crianças

22.03.2018
09:12
FONTE: Crescer

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Quem é negro ou tem filhos negros sente na pele todos os dias o peso que o racismo continua exercendo na sociedade. Embora uma parcela da população esteja cada vez mais atenta ao tema, há ainda um caminho muito longo a ser percorrido para eliminá-lo. E se você é pai ou mãe saiba que tem um papel fundamental nisso.

 

Quando seu filho é vítima de racismo

Todos os dias nos deparamos com relatos e histórias de crianças negras que sofrem por conta do racismo. Quem se lembra de Lucas, um menino que foi expulso de uma loja de grife na Oscar Freire, famosa rua comercial em São Paulo, por uma vendedora que insinuou que ele estava vendendo objetos por lá, quando, na verdade, ele estava com seu pai, Jonathan, esperando a mãe, que fazia compras? E esse é só um exemplo, entre tantos outros….

 

Mas, afinal, de que maneira introduzir um assunto tão delicado com o filho? Para a psiquiatra da Infância e Adolescência Ivette Gattas, uma das melhores maneiras de lidar com essa questão é esperar que as crianças façam as perguntas: “Normalmente, elas questionam sobre o que está incomodando. Os pais, então, devem se preocupar em responder adequando a linguagem de acordo com a idade”, diz. Outro ponto fundamental, segundo a especialista, é deixar claro para o filho que não há nada de errado com ele e que o erro foi somente da pessoa que o discriminou. Isso porque os pequenos têm tendência em se culpar pelo incidente. Usar histórias, livros, desenhos, recriar o acontecimento na hora da explicação podem facilitar o entendimento por parte deles.

 

Já, quando o filho não faz nenhuma pergunta sobre o assunto, como é o caso das duas crianças, é preciso que os pais estejam atentos em relação a outros sinais de desconforto e angústia. “Se ela começa a ter problemas para dormir, fica ansiosa, não quer comer, ou se recusa a ir para a escola é porque algo não está bem. Os pais devem perguntar o que está acontecendo e podem até falar sobre o incidente diretamente. Assim, vão proporcionar uma oportunidade para as crianças perguntarem o que precisam saber”, afirma. Mas tudo sem forçar, claro! Se perceber que ela não se abre de jeito nenhum, é hora de buscar ajuda com um especialista.

 

O papel dos pais

Infelizmente, não existe um botão mágico que fará com que casos de discriminação parem de existir da noite para o dia. Porém, os pais desempenham um papel essencial na criação de uma sociedade igualitária ao educarem seus filhos para que não sejam perpetuadores de preconceitos.

 

Como? De forma incansável, diariamente. Segundo a psiquiatra Ivette, vale investir um tempo em conversas genéricas sobre discriminação aproveitando situações corriqueiras para explorar o assunto com a criança. Porém, o mais importante é o que mostramos aos nossos filhos: “Se a gente quer que eles tenham um determinado comportamento, temos que dar o exemplo. Sempre vamos ser exemplo para nossos filhos até o momento em que eles vão pegar o que aprenderam conosco e unir às próprias experiências. Precisamos exercitar o não preconceito”, afirma. Afinal, nossas atitudes surtem muito mais efeito do que as palavras.

 

5 maneiras de estimular o respeito às diferenças

1. Seja um exemplo

Quando a noção de igualdade e respeito está clara para o adulto, isso é passado naturalmente para a criança: ela absorve e incorpora os exemplos que vêm de casa. Se o que ela observa é o respeito para com todo ser humano, irá reproduzir isso.

 

2. Toda hora é hora

Não tem idade certa e nem um dia específico para falar com o seu filho sobre discriminação – isso deve acontecer naturalmente, conforme ele fizer perguntas sobre o assunto.

 

3. Franqueza

Caso surjam questionamentos sobre diferenças étnicas, explique que as pessoas são  diferentes na aparência, mas devem ser respeitadas igualmente. Mostre que todos os seres humanos têm alturas diferentes, assim como peso, cor de pele, de olho e de cabelo. Da mesma forma, há diversas línguas e costumes pelo mundo – até os brinquedos das crianças mudam de um lugar para o outro!

 

4. Começa na escola e termina em casa

A escola é um excelente meio de convivência com a diversidade. Mas, se alguma criança dá apelido à outra, por exemplo, ou trata o colega de forma discriminatória naquele ambiente, é função da escola conversar. A professora deve chamar a criança que ofendeu o outro e explicar que ela também é diferente dos colegas, que ninguém é igual, e que ela não iria gostar de ser apontada pelos amigos, seja qual for o motivo. A criança deve entender que todos têm semelhanças e diferenças. A conversa deve continuar em casa, com os pais.

 

5. Dê suporte

 Caso o seu filho tenha sido discriminado, apoie-o, explique que os direitos são iguais para todos, independentemente de raça, cor ou religião. Casos de discriminação contra a criança devem ser denunciados no conselho tutelar, nas ouvidorias dos serviços públicos, na OAB e nas delegacias de proteção à infância e adolescência. Há diversas leis que protegem contra a discriminação e preveem punições para o agressor.

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