Mato Grosso, 25 de Abril de 2024
Nacional / Internacional

Teste de míssil americano vai reativar corrida armamentista, dizem Rússia e China

20.08.2019
09:23
FONTE: France Presse

IMPRIMA ESSA NOTÍCIA ENVIE PARA UM AMIGO

  • Disparo de míssil feito pelos EUA no dia 18 de agosto de 2019 — Foto: Scott Howe / DoD / AFP

    Disparo de míssil feito pelos EUA no dia 18 de agosto de 2019 — Foto: Scott Howe / DoD / AFP

  • EUA testam míssil de médio alcance na Califórnia — Foto: Rodrigo Sanches/G1

    EUA testam míssil de médio alcance na Califórnia — Foto: Rodrigo Sanches/G1

Rússia e China condenaram nesta terça-feira (20) o primeiro teste dos Estados Unidos de um míssil de médio alcance desde a Guerra Fria, ao mesmo tempo que denunciaram o risco de uma escalada de tensões militares e de retomada da corrida armamentista.

 

Há menos de um mês, a Rússia e os EUA suspenderam um tratado da época da Guerra Fria que abolia o uso de mísseis terrestres com alcance de 500 a 5.500 quilômetros. O teste feito pelos americanos marca, na prática, o fim do INF.

 

No domingo (18), os americanos dispararam um projétil a partir de um sistema de lançamento vertical chamado Mark 41 na ilha de San Nicolas, na costa da Califórnia, segundo o Pentágono. O artefato era uma "variação de um míssil de cruzeiro de ataque terra-terra Tomahawk".

 

Críticas da China e Rússia

"Lamentamos tudo isto. O governo dos Estados Unidos toma de maneira flagrante o caminho de uma escalada de tensões militares, mas não cederemos à provocação", declarou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov.

 

O governo da China criticou uma "escalada de confrontos militares que terá graves consequências negativas para a segurança regional e internacional". Pequim acusou Washington de buscar "a superioridade militar unilateral".

 

O fim do tratado

Rússia e Estados Unidos abandonaram, no início de agosto, o tratado sobre armas nucleares de médio alcance (INF). Quando ele foi assinado, em 1987, no período final da Guerra Fria, o acordo acabou com uma crise dos mísseis europeus, provocada pelo deslocamento de SS-20 soviéticos com ogivas nucleares pela Europa .

 

O presidente americano Donald Trump criticou o tratado no dia 1 de fevereiro, e Moscou fez o mesmo no dia seguinte. Os países trocaram acusações de violação do texto.

Os americanos questionam especialmente o míssil russo 9M729, que tem alcance, segundo Washington, de 1.500 km, o que Moscou nega, insistindo que o novo projétil tem alcance máximo de 480 km.

 

A Rússia denuncia o sistema de defesa antimísseis americano Aegis Ashore, instalado na Polônia e na Romênia.

 

As forças dos Estados Unidos posicionam há muito tempo mísseis de cruzeiro de médio alcance a bordo de navios de guerra, que geralmente são disparados a partir de sistemas Mark 41.

 

A novidade no teste de domingo (18) foi o sistema de lançamento instalado em terra. O míssil era convencional, mas qualquer míssil pode, posteriormente, ser equipado com uma ogiva nuclear.

 

Para Riabkov, o "prazo extremamente apertado" que Washington precisou para executar com sucesso o teste demonstra que o governo americano já estava preparado para o fim do tratado.

 

O diplomata afirmou que o uso do Tomahawk e do Mark 41 significa que "estes sistemas serão utilizados para o lançamento não apenas de mísseis interceptores, mas também de mísseis de cruzeiro", que têm longo alcance.

 

"Evitar o caos"

O presidente russo, Vladimir Putin, que visitou a França na segunda-feira, acusou Washington de "não ouvir" Moscou. "Os europeus devem nos escutar e reagir", disse.

 

No início do mês, Putin solicitou a Washington um "diálogo sério" sobre o desarmamento para "evitar o caos". Ele propôs uma moratória sobre a instalação das armas nucleares proibidas pelo tratado INF.

 

Putin ordenou em fevereiro o desenvolvimento de novos tipos de mísseis terrestres em dois anos, especialmente adaptando aparelhos de médio alcance já existentes mas posicionados no mar ou ar.

 

Também ameaçou instalar novas armas "invencíveis" desenvolvidas por seu país para atacar os "centros de decisão" nos países ocidentais.

 

Agora resta em vigor apenas um acordo nuclear entre os dois países: o tratado START, que mantém os arsenais nucleares dos dois países abaixo do nível da Guerra Fria e que expira em 2021.

IMPRIMA ESSA NOTÍCIA ENVIE PARA UM AMIGO

NOTÍCIAS RELACIONADAS

ENVIE SEU COMENTÁRIO