Um calor seco de estourar os miolos e de repente uma queda de 7 a 10 graus na temperatura. Em diversas partes do país, os olhos e as vias respiratórias sofrem com tamanha oscilação que deve perdurar por alguns dias, conforme as previsões do INPE (Instituto Nacional de pesquisas Espaciais).
Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, em toda sua carreira nunca viu o hospital atender tantos casos de conjuntivite alérgica e olho seco como nesta longa estiagem que estamos vivendo este ano. Ele afirma que a queda brusca de temperatura, também predispõe à conjuntivite viral.Se os olhos ficarem ressecado, s o risco é ainda maior. A dica do médico é beber bastante água e hidratar a superfície do olho com lágrima artificial caso perceba a visão levemente embaçada. Caso as pálpebras inchem, Queiroz Neto recomenda consultar um oftalmologista. "É muito comum as pessoas usarem água boricada no olho. A solução contém ácido bórico e por isso pode irritar ainda mais o olho". comenta.
Sintomas e tratamentos
O oftalmologista diz que os sintomas do olho seco, da conjuntivite alérgica e da viral são bastante parecidos - olhos vermelhos e irritados, visão embaçada que melhora com o piscar, aversão à luz. A particularidade da conjuntivite alérgica é a coceira mais intensa nos olhos e na conjuntivite viral as pálpebras inchadas e uma secreção viscosa.
A recomendação é evitar ambientes fechados onde os vírus se proliferam com maior facilidade, colocar as roupas em ambiente arejado antes de usar para eliminar os ácaros, separar toalhas e fronhas, manter as mãos limpas e evitar levar as mãos aos olhos. Queiroz Neto alerta que usar colírio sem indicação médica ao sentir desconforto visual pode ser perigoso. Isso porque na conjuntivite viral o tratamento é feito com compressas geladas, colírio anti-inflamatório não-hormonal nos casos mais leves, ou colírio hormonal (corticóide) nos casos mais graves. O uso de colírio inadequado pode causar problemas irreversíveis na visão, adverte.
O médico ressalta que é necessário avaliar o grau da complicação para adequar o medicamento ao quadro do paciente. Além disso, frascos guardados em casa podem estar fora da validade ou contaminados por uso ou má conservação.
Lente de contato
O especialista afirma que as bruscas mudanças de temperatura também aumentam o risco de problemas visuais entre usuários de lentes de contato que em muitos casos mascaram o problema. A qualquer desconforto ou sensação de corpo estranho recomenda a interrupção do uso das lentes e procurar um oftalmologista. Isso porque, ressalta, usuários de lentes de contato são mais vulneráveis às complicações corneanas que dependendo do agente podem resultar em úlceras e perda da visão.
Queiroz Neto diz que a contaminação pode ter várias explicações. Entre os agentes, destaca a mudança de estação, má higiene, uso das lentes durante o sono ou além do prazo determinado pelo fabricante.