Mato Grosso, 29 de Março de 2024
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Alertas de desmatamento na Amazônia sobem 33% no período de um ano

07.08.2020
09:18
FONTE: G1

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  • Alertas de desmatamento na Amazônia sobem 33% no período de um ano

    Desmatamento na Amazônia bateu novo recorde nos alertas de desmatamento em junho de 2020 — Foto: Reuters

As áreas com alerta de desmatamento na Amazônia aumentaram 33% no período de um ano, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (7) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia.

 

De agosto de 2019 até o dia 30 de julho deste ano – atualização mais recente do sistema de monitoramento Deter – houve alertas de desmatamento de 9.125 km² de área da floresta. Entre agosto de 2018 e julho de 2019, esse número tinha ficado em 6.844 km².

 

Se comparados apenas os dados dos meses de julho de 2020 e 2019, houve queda neste mês do ano: em 2020, os dados, que ainda não consideram o dia 31 de julho, apontam 1,5 mil km² de áreas com alertas de desmate. No ano passado, o total foi de 2,2 mil km².

 

Alertas do Deter x Taxa do Prodes

Os dados de áreas sob alerta de desmatamento são fornecidos em registros diários pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que monitorando a região por meio de imagem de satélites. Ele não aponta o consolidado do desmate, mas sim áreas com marcas de devastação que precisam ser fiscalizadas pelo Ibama.

 

Já a taxa oficial anual de desmatamento na Amazônia é calculada considerando todo o período de seca, que vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte. Desta forma, é possível detectar o acumulado de destruição da floresta levando em conta os ciclos de chuva e seca, desmatamento e queimadas. Ela é apresentada em relatório do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), também do Inpe. Os dados são divulgados na metade do segundo semestre de cada ano.

 

Temporada de recorde e tendências

Para o vice-presidente Hamilton Mourão, o dado de julho aponta uma "reversão de tendência". "Ainda é começo, a gente tem que prosseguir até chegar nas metas que nós temos que é colocar o desmatamento dentro do mínimo aceitável", disse Mourão.

 

Já os especialistas ouvidos pelo G1 avaliam que não é possível celebrar avanços.

 

"Claramente o desmatamento está fora de controle no Brasil. Desde o início do governo Bolsonaro, temos um aumento de cerca de 30% nos alertas de desmatamento todo mês. E isso se dá devido à prevalência do crime ambiental na Amazônia", diz o secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini.

 

Os ambientalistas avisam que, historicamente, os dados do Deter não apenas são confirmados, mas também ampliados quando a taxa do Prodes é divulgada. Ou seja, os 9 mil km² são indício de um número ainda maior.

 

"Olhando os alertas do Deter nos últimos meses, estimamos que o desmatamento da Amazônia neste período (agosto de 2019 e julho de 2020) poderá atingir a casa do 13 mil km². Isso é assustador", afirma Astrini.

 

Se confirmada a previsão de mais de 13 mil km² de devastação amazônica, André Guimarães, Diretor-executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), alerta que a temporada deste ano poderá ser a maior em mais de 10 anos, já que o último recorde da taxa oficial de desmatamento foi registrado em 2008. Na época, o Prodes a taxa de desmatamento oficial foi de 12.911 km².

 

"Como o Deter subestima os dados do Prodes em cerca de 50%, estimamos que o número real ultrapasse o do último anos e atinja uma taxa que não é vista há mais de uma década", explica Guimarães.

 

Desmatamento na Amazônia tem tendência de alta no ano; veja 10 motivos de alerta sobre o tema

Na temporada passada, de 2018/2019, o sistema de alertas detectou mais de 6 mil km² com sinais de devastação – a taxa oficial de desmatamento para aquela temporada fechou em 10.129 km² de desmatamento. É a maior área desde 2008.

 

"É uma situação inédita no Brasil ter dois períodos consecutivos de aumento do desmatamento na Amazônia. E que explica a situação é apenas um fator: as ações do governo federal. Bolsonaro é o primeiro presidente, desde a redemocratização do país, a promover o desmatamento da Amazônia e a invasão a terras indígenas", explica Astrini.

Tanto os alertas de desmatamento em maio quanto em junho do Deter registraram recordes em toda a série história, que começou em 2015. Enquanto em maio o alerta de desmatamento amazônico registrou 829 km², em junho foram 1.034,4 km².

 

Os alertas servem para informar aos fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) onde há sinais de devastação, que podem ou não ser comprovados posteriormente.

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