Cada vez mais inovador, o mercado de comida de rua está em plena expansão no país. Em São Paulo (SP) e Curitiba (SP), por exemplo, o aumento dos chamados “food trucks” só nos últimos dois anos obrigou as prefeituras a criar leis para regulamentar o serviço. Investir no setor pode parecer simples, mas, na opinião de quem já se deu bem, é preciso ter cautela e pesquisar muito antes de abrir o próprio negócio.
"Food truck não é moda, é um fenômeno que chegou e vai continuar no futuro", diz Adolpho Schaefer, dono do Holy Pasta Food Truck.
“A primeira coisa é se perguntar: Por que um food truck? A pessoa tem que ter razões que justifiquem essa ação. Não é só fazer mais uma hamburgueria, não é copiar o que já existe. É preciso fazer um planejamento e colocar os números no papel para ver se vale a pena, ou se cozinhar é só um hobby”, orienta o chef Márcio Silva, um dos donos do Buzina Food Truck, o primeiro no país.
A opinião é compartilhada por Schaefer, proprietário do Holy Pasta Food Truck, referência na capital paulista quando o assunto é massa. “Não é simplesmente sair fazendo e depois descobrir os resultados. Não pode arriscar sem saber onde está pisando. Tem que entender do mercado para dar o primeiro passo”, diz.
Reconhecidos nacionalmente, Schaefer e Silva comandam uma competição de food trucks em formato de reality show em um canal de TV por assinatura. No programa, os chefs orientam os participantes desde o preparo do cardápio até as estratégias de vendas na rua. Vence a disputa quem vende mais.
Os dois também estarão em um festival gastronômico que acontece nesta sexta-feira (19) e sábado (20), no Shopping Iguatemi em Ribeirão Preto (SP). A entrada é gratuita e os pratos serão vendidos por até R$ 20.
“O que eu oriento para quem está começando é o que eu fiz um dia. Entrei na internet e pesquisei, fui atrás dos gastos envolvidos, qual era a concorrência, fiz orçamentos. No meu tempo, não existiam empresas que fabricavam food trucks e a gente correu atrás de tudo”, conta Silva.
Flexibilidade
Para o empresário, quem pensa em começar esse tipo de negócio deve avaliar se tem um perfil flexível, criativo e adaptável a mudanças, já que o trabalho na rua depende de diversos fatores, como o clima, por exemplo. Tudo isso sem contar o prazer de cozinhar e de estar em contato direto com os clientes.
“Eu gosto de trabalhar com pessoas, amo trabalhar com comida, não tenho problema em trabalhar com calor, no sol, no trânsito. Você faz comida e, de repente, começa a chover. Isso é um problema diário que faz parte de quem quer estar na rua. Tem que ser urbano”, diz.
Considerado pioneiro no mercado de food trucks no Brasil, Silva trabalhou em restaurantes em Nova York e na Espanha, antes de investir em comida de rua na capital paulista, ao lado do chef norte-americano Jorge Gonzalez. Em 2013, os dois lançaram o “Buzina Food Truck”, que hoje conta com duas unidades móveis.
Foco no cliente
Silva diz que, logo de cara, não vale a pena investir em um cardápio variado, mas apostar em um único prato ou especialidade. Isso é importante para ajudar o food truck a criar uma marca e ser reconhecido pelos clientes. “Ninguém faz tudo muito bem. Por isso é legal focar em pouca coisa. É melhor fazer bem uma ou duas receitas, do que fazer três ou quatro ruins”, explica.
O empresário Adolpho Schaefer concorda com a afirmação do companheiro de TV, reforçando que é mais fácil garantir a qualidade do cardápio e do serviço quando o food truck oferece menos variedade. Pelo menos, enquanto ainda não se tem experiência - ou habilidade - naquilo que se faz.
“Fazer uma boa comida, um bom serviço, atendendo as pessoas com verdade, como a gente gostaria de ser atendido, isso é o que faz as pessoas voltarem. Isso é o que realmente faz o negócio crescer, dar certo. É isso que vai tornar o negócio sólido”, garante o empresário, que em um ano e quatro meses tornou a marca “Holy Pasta” uma referência em São Paulo.
Futuro
Atualmente, além do food truck Holy Pasta, Schaefer também é proprietário de um trailer de sorvete e de um restaurante no bairro Vila Madalena. Para conquistar esse “pequeno império” gastronômico, reforça que o foco do trabalho precisa ser sempre a satisfação do cliente.
“Administrar a logística, os horários e as intempéries é difícil, mas depois de praticar um pouco você aprende. Fazer com que as pessoas voltem é o mais difícil. Conquistar a clientela e tornar o negócio uma atração são os maiores desafios”, afirma.
Por isso, na opinião dele, ser persistente e amar o que se faz são os grandes diferenciais nesse setor. “Food truck não é moda, é um fenômeno que chegou e vai continuar no futuro. É lógico que vai haver uma seleção entre tantos caminhões, mas é um movimento que já está criando raízes”, conclui.