O servidor público Paulo Pacheco, de 52 anos, comprou uma Kombi que estava abandonada pelo dono há mais de cinco anos em uma oficina de Cuiabá e durante um ano se dedicou a transformar completamente o veículo. Com motor, estofado e pintura novos, a Kombi, que tem luzes de lead no teto para imitar um céu estrelado, foi batizada de Mariane e tem chamado a atenção por onde passa.
"É um costume entre nós colecionadores dar um nome para o carro. Estava pensando em um nome à ela e quando começou a tocar Mariane, da dupla Bruno e Marrone, não tive dúvidas quanto ao nome”, revelou o dono.
Paulo costuma estacionar o carro em pontos turísticos da cidade, entre eles a nova Orla do Porto, que ele aposta ser o novo ponto de encontro dos colecionadores de carros antigos. Além da Kombi, ele possui mais dois carros, que, segundo ele, “remetem às lembranças de infância”.
A Kombi surgiu na vida do Paulo completamente por acaso. O carro estava abandonado na oficina de um amigo do seu primo há mais de cinco anos. O primo pediu que não criasse expectativas, pois o dono do veículo já havia recusado diversas ofertas de compradores.
“Mesmo assim, fomos até o local. Apesar do dono da Kombi não atender às ligações da oficina havia mais de um ano, consegui entrar em contato com ele e fazer uma oferta. Paguei apenas o valor que ele já havia gasto tentando reformar o veículo”, explicou.
Paulo é membro do Clube do Carro Antigo de Cuiabá, onde adeptos da prática do antigomobilismo, nome dado ao ato de colecionar e preservar carros antigos, se reúnem para trocar idéias e experiências. Para esses colecionadores os carros antigos não são apenas objetos, mas sim parte de um cenário cultural, socioeconômico e tecnológico vivido pela sociedade em certa época.
Por isso, segundo ele, os carros escolhidos pelos colecionadores são, quase sempre, veículos que já foram considerados populares em algum momento. “São veículos que já fizeram história na vida dos brasileiros, como o Fusca e o Opala, por exemplo”, contou Paulo.
O carro também foi destaque do 1º Encontro Estadual de Carros Antigos de Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, em outubro do ano passado. Ele costuma levar os carros que coleciona para encontros realizados em Mato Grosso, além de já ter aceitado alguns convites para abrilhantar eventos em empresas e até mesmo em um casamento.
Segundo Paulo, os praticantes do antigomobilismo na capital precisam de mais apoio do poder público. "A prática precisa ser vista como parte da cultura da cidade, não temos mais um lugar onde nos reunir e a Orla do Porto tem potencial para receber possíveis encontros de colecionadores como eu, mas para isso precismos de apoio”, explicou.