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A dona da Nutella, a fábrica italiana de chocolates Ferrero, está buscando entre Canadá, Chile e Austrália novos produtores de avelã, usada na produção do famoso creme da marca e em outros bombons, para abastecer seus estoques.
Com 70 anos de história, a empresa italiana se vangloria com cifras impressionantes: abrange um terço do consumo mundial de avelãs e produz uma quantidade anual de Nutella equivalente ao Empire State Building. Em 2016, saíam diariamente dois milhões de potes de Nutella, em porções que vão de 15 gramas a três quilos, da fábrica da Ferrero. Os estoques da fábrica chegam a ter até 100 milhões de avelãs por dia.
Atualmente, a empresa depende majoritariamente de um único produtor, a Turquia.
A Turquia produz 70% das avelãs do mundo e fatura US$ 2, 8 bilhões, deixando fabricantes como a Ferrero, Kraft Heinz Co, Mondelez International Inc e Nestlé vulneráveis, já que os preços e a quantidade da produção variam bastante conforme a safra.
Em outubro, Ottawa, no Canadá, contribuiu com 500 mil doláres canadenses para um projeo que testou três variedades de árvores aveleiras em Ontário. A Ferrero ajudou a financiar o projeto e espera que os novos produtores plantem 25 mil hectares de aveleiras até 2027. Atualmente, a produção ocupa apenas 400 hectares.
Segundo uma estimativa, um produtor de Ontario pode ganhar 10 vezes mais por hectar de aveleiras do que com milhos. Esforços para expandir a produção também estão sendo feitos na Sérvia, Chile, Austrália, África do Sul e Estados Unidos, declarou uma agrônoma da Ferrero no Canadá.
"Todo mundo está procurando por novos lugares para plantar avelãs", disse Jaime Armengolli, dona da empresa chilena Agricola La Campana. "Os rendimentos são bons, os custos são baixos e os produtores estão muito otimistas".
As exportações de avelã com casca no Chile passaram de 6,5 toneladas em 2016, quase cinco vezes mais que as exportações do ano anterior, segundo estatísticas do governo chileno.
Em 2014, o congelamento de parte da produção na Turquia danificou as avelãs e elevou os preços, alarmando compradores que usam as avelãs em chocolates, cremes e licores. Este ano, o órgão responsável pela colheita de grãos na Turquia comprou parte da produção para evitar a flutuação dos preços.
"A Ferrero percebeu que ter todos os ovos em uma única cesta é perigoso", disse Adam Johnston, que negocia avelãs na empresa escocesa Freeworld Trading.
A estratégia da Ferrero não é motivada por eventos de curto prazo e a empresa espera que a Turquia continue como uma das maiores produtoras, disse Francesca Fulcheri, representante da empresa.
Mas a expansão global causou medo na indústria turca, onde as fazendas são pequenas, usam trabalho manual e produzem rendimentos relativamente baixos.
"O setor de avelãs da Turquia já está ameaçado e vai deteriorar a não ser que sejamos capazes de aumentar a eficiência e diminuir os custos", disse Kadir Durak, um membro da empresa Durak Hazelnuts.
Potencial de lucro
O preço da semente de avelã pode variar até 10% por semana, e atualmente é vendido por cerca de 5,6 mil doláres por tonelada. Em 2015, o preço chegava a 17 mil doláres, segundo a Freeworld.
Um produtor de Ontário pode lucrar 2 mil doláres canadenses por hectar de aveleira, diz Adam Dale, professor da Universidade de Guelph. Em comparação, o milho pode lucrar 210 doláres canadenses por hectar, sem incluir custos com a terra, segundo dados da indústria e do governo local.
Esta possibilidade de lucro e a certeza de venda para a Ferrero local vai atrair os produtores de Ontario, disse Linda Grimo, que ajuda a manter um "berçário" de aveleiras na região. "Produtores são desconfiados por natureza. Eu acho que levou um tempo para as pessoas reconhecerem o nível de comprometimento da Ferrero".
Mas os novos produtores de avelã devem estar atentos as mudanças. Os custos para iniciar um pomar podem levar uma década para serem recuperados, disse Dale. Com quase 270 árvores plantadas por hectar, o alvo da Ferrerro de Ontario demandaria cerca de 6,8 milhões de árvores, acrescenta o professor.
Na Austrália, uma subsidiária da Ferrero, Agri Australis Pty Ltd, plantou 900 mil aveleiras no sudoeste de New South Wales desde 2014, disse um representante. A Ferrero também atua ativamente ajudando produtores com pesquisas e desenvolvimento e problemas práticos de plantação, disse Trevor Ranford, representante da Produtores de Avelã da Austrália.
A empresa Olam International Ltd depende muito da produção vinda da Turquia, mas começou a comprar avelãs do estado americano da Georgia no último ano. Segundo o vice-presidente da empresa, Brijesh Krishnaswamy: "Diversificação é crucial".
Os fazendeiros do Oregon, nos EUA, produzem basicamente avelãs com casca para o mercado, incluindo a China, mas o trabalho com agrônomos da Ferrero levou a mais plantações para o mercado confeiteiro, disse Larry George, dono de duas processadoras George Packing Company e Northwest Hazelnut Company.
"No futuro, iremos vender grandes volumes para eles", disse.
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