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Quando vestiu a camisa do Santa Cruz pela primeira vez em partidas oficiais, balançou as redes na vitória, por 3 x 0, sobre o Vitória, no estádio Carneirão, pelo Campeonato Pernambucano. Mas não foi o gol que chamou a atenção dos torcedores. O corpo franzino e, principalmente, a estatura (1,57m) levantava o questionamento: como é que o atleta com esse tamanho vai conseguir escrever sua história no futebol? Renato Gomes de Lima, mais conhecido como Renatinho, provou que sim. Só com a camisa do Tricolor foram 198 partidas e títulos: cinco Estaduais (2011, 2012, 2013, 2015 e 2016), um Nordestão (2016) e uma Série C do Brasileiro. Sem falar nos acessos que levaram a Cobra Coral de volta à elite do futebol nacional.
Renatinho tem uma identificação enorme com o clube coral. Mas a vida é feita de ciclos e o lateral deixou o Arruda para jogar no futebol árabe. Mais precisamente, no Qadsia SC, do Kwait.
Assim como fez pelo Santa Cruz, ele marcou gol na estreia pelo time árabe. Foi contra o Kazma. E naquele estilo que virou uma característica sua: aparecendo como elemento surpresa, chutando de primeira, rasante. Religioso, Renatinho comemorou de joelho, apontando para o céu. Era o fim da tensão pré-estreia. E um novo ciclo que só está começando.
- Desde a metade de 2016, eu sentia a necessidade de sair do Santa Cruz para respirar novos ares, conhecer novos clubes. Apareceram propostas, mas o Santa Cruz não deixou e fiquei no clube. No final do ano, declarei que sairia e não voltaria na decisão. Sai de coração partido, porque foram oito anos no clube. E não é fácil sair de casa para ganhar o mundo.
Renatinho parecia estar enraizado no Santa Cruz. Quando deixou Serra Talhada, terra natal, morou na concentração do clube por alguns anos. Sem família na capital pernambucana, abafava a solidão com funcionários do clube. O Arruda era sua vida. Na medida em que o tempo passava, os títulos conquistados e a identificação com o clube e com a torcida foram fortalecidas. No entanto, a má campanha do time no Brasileirão 2016 e a falta de espaço no time que terminou a temporada fez Renatinho querer deixar o clube.
Primeiro foi o Campinense, que fez uma proposta abaixo do salário que Renatinho recebia no Tricolor. Mas o atleta aceitou. E passou apenas 45 dias por lá. Tempo suficiente para balançar as redes e causar boa impressão: um “tirambaço” de fora da área, que acertou o ângulo do goleiro Tiago Cardoso, na vitória do Campinense sobre o Náutico, por 2 a 0, pela Copa do Nordeste. Pouco tempo depois, recebeu a ligação do técnico Marquinhos Santos para defender o Fortaleza. Topou na hora. E foi aí que sua vida começou a mudar.
- Marquinhos Santos queria contar comigo para ajudar o Fortaleza a conquistar o título estadual. Mas não conseguimos. Houve a mudança de treinador. Paulo Bonamigo chegou e foi bem claro: não pretendia contar comigo. Rescindimos meu contrato. Quando eu estava no quarto do hotel, arrumando as coisas, recebo uma mensagem de Léo Bahia, zagueiro que jogou comigo no Santa Cruz, em 2013. E foi logo perguntando se eu queria jogar no Kwait. Não tinha o que pensar. Estava sem clube. Passei dez dias negociando. Não falei para ninguém. Só fui conversar com meu pai às vésperas da viagem.
Cheio de esperança e felicidade, Renatinho voltou ao Recife e fez ponte aérea: São Paulo – Turquia – Kwait. Assinou contrato de três anos com uma empresa árabe que gerencia atletas de futebol e de um ano com o Qadsia, clube que já teve brasileiros em seu comando: o pouco conhecido Jorvan Vieira e o famoso Luis Felipe Scolari.
Renatinho chegou feliz da vida. Cheio de esperança. Encontrou brasileiros por lá: Tiago Orobó, com quem jogou no Campinense, Léo Bahia, Joelson, que jogaram no Santa Cruz e Porto de Caruaru, respectivamente, além de Marcelinho Salazar, que mora por lá há 20 anos, e é assistente técnico do Al Shaba.
Renatinho se sentiu em casa. Foi bem recebido por dirigentes e companheiros de equipe. Está sendo bem assistido. Frequenta um curso intensivo de inglês para facilitar a comunicação com a equipe e no dia a dia.
- Ainda não tive nenhuma confusão, nem situação embaraçosa. E ficam rindo, tirando onda, porque sabem que não vou entender. A gente se comunica mais por gestos. E quando a situação tá complicada, a gente apela para o celular, para os aplicativos de tradução. Já tive aula de inglês no colégio. Mas agora é diferente. Tenho que aprender para viver, realmente. Terei que aprender de todo jeito.
Renatinho está à vontade. Não estranhou o tempero carregado da gastronomia árabe. Mas, apesar de sertanejo, ele reclama do calor.
- Olhe, aqui é quente, viu?! Serra Talhada e Piauí chegam perto. Ultimamente, a temperatura tá chegando aos 45 graus.
No Kwait, Renatinho está jogando na sua posição de origem: meio-campista. É, amigos, de fato, o pequeno ex-tricolor está mesmo disposto a viver uma nova vida. Mas não esquece suas raízes. Está acompanhando os jogos do Santa Cruz e torcendo para o Tricolor sair da situação complicada na Série B.
- Estou na torcida do Santinha. É um grupo bom e acredito que, com a chegada de Martelotte, o time vai dar a volta por cima. Sei a dificuldade que clube passa e o torcedor tem um papel muito importante. Espero que a torcida apoie. Ela sempre será o 12º jogador. É a força que o elenco está precisando. Sou tricolor e continuo com muita esperança no crescimento do time.
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