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O município de Lucas do Rio Verde deverá sediar o primeiro projeto de bioenergia com captura e armazenamento de carbono (BECCS) operacional da FS, produtora de etanol de milho controlada pelo grupo americano Summit Agricultural Group. A empresa prevê iniciar, em 2026, a injeção do CO₂ capturado diretamente da produção de etanol em reservatórios subterrâneos, consolidando a cidade como protagonista na transição para uma economia de baixo carbono.
O projeto em Lucas do Rio Verde faz parte de uma estratégia mais ampla da empresa, que também contempla a perfuração de um novo poço em sua unidade de Sorriso e a possível implantação de uma planta de metanol renovável em Primavera do Leste, ambos no estado de Mato Grosso. As três unidades operam sobre a Bacia dos Parecis, uma formação geológica que oferece as condições ideais para a injeção de carbono em reservatórios salinos subterrâneos.
A FS já perfurou um poço exploratório em Lucas do Rio Verde e confirmou a viabilidade geológica da área. O investimento estimado para a implantação do projeto é de cerca de R$ 500 milhões, incluindo as tecnologias de captura e compressão do CO₂. A empresa agora busca as licenças junto aos órgãos reguladores, como a Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso e a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), que assume papel central na regulamentação da atividade com a nova lei do Combustível do Futuro.
Em paralelo, a planta de Sorriso, localizada a apenas 80 quilômetros de Lucas do Rio Verde, também é alvo de estudos para implantação de um segundo poço. Caso não haja viabilidade para injeção local, o plano é construir um “CO₂duto” que leve o gás até o reservatório já validado em Lucas do Rio Verde. A mesma solução poderá ser adotada para a nova usina em construção em Querência, reforçando o papel estratégico do município luverdense como polo de armazenamento de carbono para toda a região.
O projeto da FS em Lucas do Rio Verde se diferencia por ser o primeiro no país a avançar com a tecnologia BECCS de maneira estruturada, contribuindo diretamente para os compromissos ambientais do Brasil e abrindo caminho para um novo modelo de monetização do carbono, com potencial de ganhos via CBIOs, mercado voluntário e contratos com grandes empresas comprometidas com metas net zero.
Além das ações no campo da captura de carbono, a FS também aposta na diversificação de produtos sustentáveis. Em Primavera do Leste, avalia a construção de uma planta para produção de e-metanol, utilizando CO₂ biogênico capturado da fermentação do etanol combinado a hidrogênio verde. O produto poderá ser usado como combustível sustentável para a navegação e como insumo para a indústria de biodiesel, reduzindo a dependência brasileira do metanol fóssil importado.
A atuação internacional da FS também avança com perspectivas promissoras. A empresa estuda exportar etanol para ser utilizado na produção de combustível sustentável de aviação (SAF) nos Estados Unidos, em conexão com o projeto NextGen, da própria controladora Summit, no Golfo do México. O Japão também surge como mercado estratégico, especialmente após a recente missão presidencial que incluiu o CEO da FS, Rafael Abud, na comitiva de negociação bilateral.
Outro destaque é o DDG (grão seco de destilaria), subproduto do etanol usado na alimentação animal, cuja exportação para a Ásia-Pacífico já é realidade. A abertura do mercado chinês para o produto, também viabilizada por recente articulação diplomática, deve ampliar ainda mais o alcance internacional da produção da FS.
Com os avanços tecnológicos e estratégicos em curso, Lucas do Rio Verde consolida sua posição como referência nacional em inovação ambiental e transição energética, contribuindo para transformar o biocombustível brasileiro em um vetor global de sustentabilidade.
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