Os beijos estão à solta na Copa das Confederações. Nos dois jogos da semifinal, teve mais o gesto do que bola na rede. No placar: gols 3 x 4 beijinhos, dois de Neymar e dois da cantora colombiana Shakira.
Mesmo com intenções diferentes, eles deram sorte a seus autores. Os da popstar, que animou a torcida na arquibancada do Castelão, foram em saudação ao namorado Piqué, zagueiro da Espanha que fechou a defesa contra a Itália e ainda converteu o seu pênalti nas cobranças alternadas que terminaram em 7 a 6 e com a vaga na final aos espanhóis. Já os de autoria do camisa 10 viraram provocação ao uruguaio Álvaro González à beira do gramado do Mineirão. Dois minutos depois, o atacante deu a assistência para Paulinho garantir a vitória por 2 a 1 e colocar o Brasil na decisão.
E na eliminação da Itália, a maldição da letra "B" voltou a assombrar a Azzurra numa disputa de pênaltis. Depois do zagueiro Baresi e do atacante Baggio perderem suas cobranças na final da Copa do Mundo de 1994, agora foi a vez de o defensor Bonucci mandar a bola por cima do travessão e ver os adversários comemorarem. A diferença é que o "B" dessa vez não estava entre os cinco primeiros cobradores, que tiveram o "C" de Candreva, "A" de Aquilani, "D" de De Rossi, "G" de Giovinco, "P" de Pirlo e "M" de Montolivo. E no gol, o "B" de Buffon também não ajudou.
Na vitória brasileira por 2 a 1 sobre o Uruguai no Mineirão, Neymar esteve longe do protagonismo que exerceu nas três primeiras rodadas da Copa das Confederações - quando foi eleito seguidamente pela Fifa o melhor em campo. Dessa vez, o camisa 10 da Seleção não balançou a rede e ganhou os holofotes por outros motivos, especialmente pelos beijinhos que mandou para Álvaro González ao se estranhar com o meia uruguaio no momento em que ele era substituído por Gargano. Mas, em meio a provocações, o atacante não deixou de ser importante e participou da construção dos dois gols do Brasil: no primeiro, tabelou com Paulinho e deu o chute que Fred marcou no rebote; já no segundo, cobrou o escanteio na medida para Paulinho cabecear para a rede.
O espanhol Casillas e o italiano Buffon fecharam o gol e bem que tentaram a defesa mais difícil, mas os goleiros não tiveram como competir com Julio César. Eleito o melhor em campo na vitória por 2 a 1 sobre o Uruguai, no Mineirão, ele salvou o Brasil ao defender um pênalti cobrado por Forlán e manteve o placar em branco aos 14 minutos do primeiro tempo. O camisa 1 da Seleção teve suas táticas, admitiu ter tirado a concentração do rival, adiantou-se 38 centímetros, mas nada que tirasse o brilho da defesa elástica no cantinho.
E por falar em pênalti, Bonucci pagou o mico ao ser o "Baggio da vez" na eliminação da Itália, no Castelão. No mesmo estilo de cobrança que desgraçou o ex-meia-atacante da Azzura na final da Copa do Mundo de 1994, o zagueiro isolou a bola por cima do travessão e viu na sequência Jesús Navas garantir a vitória da Espanha por 7 a 6 na disputa na marca da cal. O camisa 19 italiano, que ganhou a vaga de titular de Barzagli na derrota por 4 a 2 para o Brasil, ainda não teve motivos para festejar.
Se antes de começar a saírem os gols de Brasil e Itália o goleiro Julio César virou herói da Seleção, Luiz Gustavo quase assumiu o papel de vilão. O volante deixou o pé numa dividida com o meia uruguaio Rodríguez, acertou a barriga do adversário com as travas da chuteira e correu o risco de deixar a equipe com menos um ainda no primeiro tempo. Para sua sorte, o árbitro chileno Enrique Osses considerou a falta só para cartão amarelo na hora de punir o jogador.
Além dos beijinhos e da participação nos gols brasileiros na vitória por 2 a 1 sobre o Uruguai, Neymar também protagonizou o papel de ator da rodada. Provocado durante a semana pelos uruguaios como jogador "cai-cai", o camisa 10 da Seleção não teve um comportamento para mudar sua fama na opinião dos adversários. Já no fim do jogo, numa disputa de bola com Gargano, o volante do Uruguai usou o braço para se proteger, e o atacante brasileiro deu um pulo para trás colocando as mãos no rosto e simulando uma agressão. O salto virou até brincadeira na internet com outras situações que poderiam derrubar o jogador.