O jornalista Vladimir Netto, da TV Globo, lança nesta quarta-feira (6) em Brasília o livro “Lava Jato”, com bastidores da operação que apura corrupção envolvendo estatais, empreiteiras e políticos. Entre os destaques do livro, há entrevistas com chefes da força-tarefa da Lava Jato e com presos que terminaram fazendo acordos de delação premiada. O evento começa às 19h, na Livraria Cultura do shopping Iguatemi.
Em entrevista ao G1, Netto disse ter começado a trabalhar no livro em 1º de janeiro de 2015, após a cobertura da posse da presidente Dilma Rousseff, hoje afastada do cargo. Segundo ele, foram ao todo 17 meses de trabalho e 132 horas de entrevistas relatadas no livro.
“No meio do caminho, em meados de 2014, ficou claro que a Lava Jato seria uma história diferente das outras operações policiais. Uma pergunta que sempre me fiz foi por que a Lava Jato foi tão longe. No livro, respondo essa pergunta”, afirmou o repórter da TV Globo.
Entre os pontos que explicam o sucesso da ação, o jornalista cita a legislação que prevê a delação premiada e o fato de a investigação ter “caído” na mão da Justiça e de investigadores do Paraná, que têm experiência em casos de lavagem de dinheiro, como o do Banestado. No estado, os processos são todos informatizados, o que facilitou a coleta de detalhes para o livro.
“Houve também o ‘fator sorte’. A prisão do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa só ocorreu porque ele mandou a família ocultar provas. Se não fosse isso e outros pontos que relato no livro, a Lava Jato não teria chegado aonde chegou”, diz Vladimir Netto. Segundo ele, muitos dos relatos de bastidores só foram noticiados depois de o jornalista ganhar a confiança das fontes.
Na obra, o jornalista entrevista figuras como o doleiro Alberto Youssef, o ex-senador Delcídio do Amaral, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o agente Newton Ishii, o “japonês da Federal”. Mesmo com a operação Lava Jato em curso, Netto acredita que este era o momento para lançar o livro.
“Nesses dois anos de operação, a gente já tem muita coisa. A gente vai ver muita coisa ainda, mas o que temos já é história. O combate à corrupção é uma questão que está madura agora. É possível fazer uma operação bem-sucedida, que chega mais longe. Esse é um legado da operação Lava Jato”, disse. Uma continuação do livro, que teve os direitos comprados para virar uma série de TV, já foi prometida pelo autor.