O Slipknot fez um grande show como atração principal do primeiro de dois dias do festival Monsters of Rock, no Anhembi, em São Paulo, no sábado (19). A banda mascarada repetiu a boa performance que teve no Rock in Rio 2011. Assim como há dois anos, colocou a multidão para sentar no chão e fazer um "salto gigante" durante a música "Spit it out".
Desta vez, o sobe e desce coletivo ao som de rock pesado foi menor. Havia 30 mil presentes no festival paulista, segundo a organização. Foram 70 mil a menos do que no festival do Rio. Se antes abriu para o Metallica, desta vez o Slipknot segurou bem a responsabilidade de ser o último da noite. O show durou uma hora e quarenta minutos.
Antes do Slipknot, Korn e Limp Bizkit mostraram que a geração "nu metal" não foi esquecida. As bandas deste estilo tiveram o auge do sucesso há mais de dez anos, misturando heavy metal, rap e hardcore. Hits dos dois grupos foram bastante cantados na plateia. No entanto, os momentos mais animados de ambos os shows foram covers.
O Limp Bizkit tocou, entre outras versões, "Killing in the name", do Rage Against the Machine. O Korn foi de "Roots bloody roots", do Sepultura, com participação do atual vocalista Derrick Green e do guitarrista Andreas Kisser.
Andreas também tocou no show da banda norte-americana Hatebreed. A conterrânea Killswitch Engage e a francesa Godjira completaram a escalação do primeiro dia, toda de bandas formadas nos anos 90. No domingo, dia de veteranos, a maioria das bandas escaladas foi formada na década de 70. Aerosmith e Whitesnake são as atrações principais.
'Açougueiros'
De uniformes brancos - que renderam comparações a médicos e açougueiros em redes sociais - , o Slipknot fez a performance de terror teatral de sempre, com direito a espuma imitando neve em "Gently".
O público já estava ganho desde o início. Em "Spit it out", muitos fãs se sentaram no chão antes mesmo de Corey Taylor comandar o pedido de descer e dar o grande salto.
Os fãs em SP tiveram uma oportunidade rara de ver o Slipknot em 2013. A banda, que não lança um álbum desde 2008, só fez seis shows neste ano. Depois desta, não há apresentação marcada.
Mesmo sem novidades, a banda mostrou energia tanto nas músicas mais melódicas (como "Before I forget") quanto nas mais rápidas e pesadas (como "Get this"). "Dead memories" e "Sulfur" deram uma desanimada - nestas, a voz de Corey Taylor não segura bem os refrões agudos.
O baixista Paul Gray, morto em 2010, ganhou homenagem em "Duality". Corey pediu gritos para o antigo companheiro. Antes, em seu tom dramático, disse que os fãs eram "o sangue que mantém a banda viva".
Korn com Sepultura
A primeira metade do show do Korn, com mais músicas recentes, teve público apático. A cover com participação do Sepultura e sucessos antigos dos norte-americanos, na sequência, garantiram um final com fãs mais satisfeitos.
"The paradigma shift", oitavo disco do grupo, foi lançado no dia 4 de outubro. Desse, eles tocaram "Never never", "Pray for me" e "Love and meth". "Narcisistic cannibal", do álbum anterior, em que o Korn flertou com o dubstep, teve recepção igualmente fria. O vocalista, Jonathan Davis, reclamou duas vezes do público quieto no início.
O jogo virou logo que a banda começou "Roots bloody roots", com Derrick Green e Andreas Kisser, do Sepultura. Depois disso, fecharam bem com os antigos sucessos "Got the life" e "Freak on a leash".
A banda executa bem as mudanças de dinâmica e textura das faixas novas, e parece empolgada até quando a plateia não corresponde. Mesmo longe do auge comercial, os músicos são competentes - ainda mais se comparados aos mais limitados da atração anterior, Limp Bizkit.
Guitarrista iluminado
O Limp Bizkit conseguiu manter o público animado durante quase todo o show. Hit há 12 anos, "My way" ainda tem a letra decorada por grande parte dos que foram ao festival.
Se o Korn ousou mais durante a carreira - como no "disco dubstep" de 2011 - o Limp Bizkit é mais previsível na mistura de metal e rap. A passagem anterior da banda pelo Brasil foi em julho de 2011. O grupo de Fred Durst havia recém-lançado "Gold cobra" - que ainda é seu disco mais recente.
Entre as poucas diferenças, dois anos depois, nota-se um Fred Durst menos animado. Por outro lado, o guitarrista Wes chega mais iluminado. Ele vestia uma nova fantasia com centenas de luzes Led coloridas. Em uma hora de show, os músicos tocaram três covers.
"Thieves", do Ministry, abriu o espetáculo. A música deve fazer parte de um disco deles a ser lançado em 2014. A banda também tocou trecho de "Smells like teen spirit", do Nirvana, junto a citações de riffs de Metallica e Guns. "Killing in the name", do Rage Against the Machine, foi o momento de maior empolgação do show. Mas as outras músicas bem recebidas justificam o recado bem humorado no final. Fred Durst saiu dançando ao som do hit dos Bee Gees "Stayin' alive" (Mantendo-se vivo).