Mato Grosso, 26 de Abril de 2024
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Por trás da foto: entenda como funciona e para que serve o "balé" dos defensores da Seleção

13.10.2020
09:28
FONTE: Globo Esporte

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  • Por trás da foto: entenda como funciona e para que serve o "balé" dos defensores da Seleção

    Foto: Lucas Figueiredo / CBF

Olhos arregalados, pernas milimetricamente alinhadas, pés esquerdos tocando o gramado apenas com a ponta dos dedos. Os jogadores parecem sincronizados até no franzir das testas, e o suor escorrendo pelo rosto de Renan Lodi ajuda a dar movimento e energia à foto.

 

Para além da precisão e beleza do clique de Lucas Figueiredo, fotógrafo oficial da seleção brasileira, há conceitos e métodos de trabalho do técnico Tite que podem ser explicados pela imagem acima.

 

Ela foi tirada no treino de quinta-feira, o último antes do jogo contra a Bolívia. Mas poderia ser de qualquer véspera de jogo do Brasil, já que o "balé" dos defensores é rotineiro. Com ajuda de seus auxiliares, Tite posiciona seis jogadores e passa a sincronizar seus movimentos. O objetivo? Ele mesmo explica:

 

– Em torno de 25% a 30% dos gols são originados de bola parada, seja diretamente ou por rebote. O treinamento de bola parada, quando é posicional, requer um nível de concentração muito alto. É muito mais fácil fazer marcação individual. Na marcação individual, se o adversário ganhou a trajetória da bola, numa finta, você não tem cobertura. No posicional vai ter sempre algum para cobertura. Uns acreditam numa forma, outros em outra. Essas fotos mostram o que a gente acredita. Marcação mista, sim, por que tem alguns (jogadores) que bloqueiam, mas ela é basicamente posicional.

 

Tite tem motivos para se preocupar com as bolas paradas. Afinal, sete dos 17 gols tomados pela Seleção sob o comando dele foram depois de escanteios (4) e faltas laterais (3). Isso representa 41% do total.

 

A partir de cobranças de faltas pelos lados do campo o Brasil levou o primeiro e o último gol até aqui com Tite no banco de reservas. O debute foi em 2016, em empate em 1 a 1 com a Colômbia. Já o mais recente foi em derrota por 1 a 0 para o Peru, justamente o adversário desta terça-feira, às 21h, no estádio Nacional de Lima, em duelo válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022.

 

Mas, afinal, o que Tite trabalha neste treinamento apresentado na foto? O que ele pede aos jogadores?

Fábio Carille, ex-auxiliar de Tite por quase seis anos, ao longo de duas passagens pelo Corinthians, ajuda a responder:

 

– Essa sincronia é importante para que nenhum jogador entre antes ou depois (da batida da falta). Normalmente se trabalha com seis ou sete jogadores nessa linha, é importante todos entrarem ao mesmo tempo para pressionar o batedor a colocar a bola num ponto muito certo, muito difícil de acertar (sem que a defesa chegue primeiro). É um sistema que sempre deu certo, continua dando certo, mas precisa de muito treino e muita paciência – comentou o treinador, que atualmente está no Al-Ittihad, da Arábia Saudita.

 

Este posicionamento treinado visa deixar os jogadores adversários impedidos ou sem condições de chegar à bola. Para isso é fundamental não só que os atletas estejam alinhados, mas que também se movam apenas no momento da batida na bola.

 

Tite se preocupa não só em coordenar os movimentos, mas também acertar a postura corporal dos jogadores, detalhes que podem valer preciosos milésimos de segundos ou permitir com que o atleta tenha mais firmeza para cabecear ou chutar a bola.

 

Isso é trabalhado em campo, mas também na concentração, com uso de vídeos de treinos e jogos.

 

Matheus Bachi, auxiliar de Tite, também faz este tipo de ajuste antes das substituições, para que o jogador que entre em campo saiba seu posicionamento nas jogadas de bola parada.

 

No Twitter, um usuário que se dedica à análises táticas de futebol reparou na semelhança desta foto da Seleção com uma do Corinthians nos tempos em que Tite era o técnico.

 

O que essas fotos possuem em comum?

 

Treinamento de bola parada defensiva, a perfeição na linha dos defensores, os olhares atentos na bola.

 

Segundo Fábio Carille, porém, este trabalho era ainda mais antigo no Timão:

 

– O Mano (Menezes) iniciou isso, depois o Tite só deu continuidade. Tem pouquíssima diferença no modo de pensar e trabalhar nessa questão das faltas laterais, é muito parecido mesmo – conta o treinador, que diz usar esse método de treinamento até hoje.

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