Não há um surfista sequer que chegue ao Havaí sem saber quem é Sunny Garcia. Não apenas pelo título mundial conquistado em 2000 ou pela performance explosiva em ondas pesadas – como ele. Sunny, com seu porte imponente que lembra um touro, é uma lenda do arquipélogo e “xerife” da ilha de Oahu, conhecido por seu temperamento agressivo com os “haoles” (surfistas estrangeiros) e ao mesmo tempo doce com seus semelhantes. Amado ou odiado, a notícia é que Sunny, o maior vencedor da Tríplice Coroa Havaiana com seis títulos – três deles consecutivos -, se despede da disputa em 2016, com quase 47 anos. Em Haleiwa sua participação foi discreta. A aposta agora está em Sunset, praia palco da última etapa do QS, que começa nesta sexta, às 15h45m (horário de Brasília).
Nascido na costa leste de Oahu, Sunny é um legítimo local havaiano, com vasto conhecimento das ondas que integram a Tríplice Coroa – Haleiwa, Sunset e Pipeline. Sua carreira como profissional começou em 1986. A primeira coroa veio em 1992 e, nos dois anos seguintes, ninguém superou sua soma de pontuação nas três etapas. Ele foi tetra em 99, penta em 2000 – ano em que também sagrou-se campeão mundial – e hexa em 2004. O touro havaiano tem nove vitórias em etapas do CT e o recorde de vitórias pelo QS, com 22 títulos. Pelo menos no Havaí, Sunny ainda representa uma grande ameaça para a nova geração de surfistas nos campeonatos.
Sunny ficou marcado por alguns episódios de conduta reprimida e alvo de multas por parte da Associação dos Surfistas Profissionais (ASP, antiga WSL). Um deles envolveu o brasileiro Neco Padaratz, após uma disputa de ondas em Pipeline durante a bateria. Os dois remaram lado a lado para uma onda, entraram juntos e Sunny pulou em cima de Neco. Depois, desferiu alguns socos ainda na água e perseguiu o brasileiro pela areia. Neco precisou ser escoltado até sua volta para o Brasil.
Com sua história de glórias e polêmicas escrita dentro e fora d’água, Sunny Garcia está ainda melhor fisicamente do que em seus tempos áureos da carreira. Corre, pedala e nada para sustentar seu hobby mais recente, o triátlon, e se prepara durante o ano para o impiedoso Ironman no Havaí.
Sempre muito competitivo e mais maduro, a lenda havaiana usa agora seu status para desempenhar um novo papel: mentor e treinador da próxima geração de surfistas havaianos.